Perícia vai tentar descobrir se realmente são o policial e Lourival que aparecem nas imagensReprodução/Redes Sociais

Rio - O diretor da Polícia Civil, Antenor Lopes, informou, durante coletiva na Cidade da Polícia, nesta segunda-feira (16), que o vídeo que mostra uma suposta discussão entre o papiloscopista Renato Couto de Mendonça, de 41 anos, e o dono de um ferro-velho na Praça da Bandeira, Zona Norte, Lourival Ferreira de Lima, vai passar por perícia. O policial foi morto na última sexta-feira (13) por três sargentos da Marinha e o dono do estabelecimento, após a vítima descobrir que objetos roubados dele estavam no local.
As imagens que circulam nas redes sociais já começam em meio a uma discussão. Logo no início, um homem de camisa verde, que seria Renato, manda um outro, de camisa preta, que seria um dos funcionários do ferro-velho, ajoelhar, com xingamentos e ameaça bater nele. Em seguida, ele saca a arma e aponta para o suposto funcionário do ferro-velho.
Ainda xingando e apontando a arma, ele se afasta e, ao se aproximar outra vez, bate no rosto do homem de camisa preta. Logo depois, o homem de verde questiona se o de preto não vai ajoelhar e diz que vai atirar em sua perna. O suposto policial ordena que um dos funcionários vá buscar as peças e volta a agredi-lo. Os xingamentos e agressões se estendem até o final do vídeo, que dura pouco menos de dois minutos.

A perícia vai tentar descobrir a veracidade do vídeo e se realmente são o policial e um funcionário do ferro-velho que aparecem nas imagens. Segundo Lopes, informações preliminares dão conta de que houve a discussão e que o papiloscopista se identificou e chegou a sacar a arma, porque teria sido ameaçado por funcionários do ferro-velho. Para ele, há possibilidade de que o vídeo tenha sido divulgado por pessoas ligadas ao estabelecimento.

"Este vídeo está circulando, pelo que a gente tem conhecimento, por pessoas ligadas ao ferro-velho, para querer dizer que o policial foi lá e perdeu a cabeça. Não temos confirmação da autenticidade desse vídeo, como se iniciou, porque ele tem um corte, começa com a situação já bem avançada, não sabemos o que aconteceu anteriormente. Só temos o que circula na internet", afirmou o diretor, que disse ainda que mesmo após a discussão, o dono do estabelecimento concordou em devolver os materiais roubados.

"A informação preliminar que chegou à Polícia Civil é de que, depois disso, o dono do ferro-velho concordou em devolver as coisas dele que lá estavam e ressarcir parte do prejuízo, e ele ficou de retornar posteriormente para isso. Quando ele retornou, aí sim pode ter sido vítima dessa emboscada." Também na coletiva, o delegado titular da 18ª DP (Praça da Bandeira) que investiga o caso, Adriano França, afirmou que o crime foi premeditado.

O diretor do Instituto Félix Pacheco, onde a vítima trabalhava, Márcio Carvalho, descreveu o policial como íntegro e participativo. Ele lembrou que o papiloscopista estava na instituição desde 2018, mas que antes atuou como sargento do Exército por 17 anos. "Era um policial civil padrão, íntegro, participativo. Ele esteve em Petrópolis por ocasião da catástrofe, trabalhou ativamente. Ele tem 17 anos de Forças Armadas, diversas condecorações. É um policial padrão, não havia nada que desabonasse a conduta dele", declarou Carvalho.

O corpo de Renato foi encontrado na manhã de hoje pelos bombeiros, no Rio Guandu, a 500 metros da ponte do Arco Metropolitano, em Japeri, na Baixada Fluminense, e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). O enterro está previsto para acontecer nesta terça-feira (17), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio. O horário ainda não foi informado.