Policia - Operaçao policial no Complexo da Penha, zona norte do Rio, na manha de hoje. Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Uma moradora, identificada como Gabriele Ferreira da Cunha, de 41 anos, morreu baleada durante um tiroteio na Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte do Rio, na madrugada desta terça-feira. Segundo a Polícia Militar, 22 pessoas morreram, sendo uma moradora, e  outras sete ficaram feridas, entre elas um policial civil. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizam, desde as primeiras horas da manhã, uma "operação emergencial" na comunidade para prender lideranças de facção criminosa.
De acordo com a PM, os policiais foram atacados a tiros quando iniciavam a operação. Criminosos teriam atirado do alto da Vila Cruzeiro e a mulher foi atingida na Chatuba, comunidade vizinha do conjunto de favelas da Penha. A área foi isolada por uma equipe da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para perícia da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que já foi concluída.
Todos foram socorridos para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha. Os dois feridos estão internados sob custódia. Além deles, um policial civil da DHC, identificado como Sérgio Silva do Rosário, foi ferido no rosto por estilhaços de bala durante perícia no local. Ele chegou lúcido e caminhando na unidade de saúde.
Segundo o coronel Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o objetivo da ação é localizar e prender lideranças da facção criminosa Comando Vermelho e de outros estados do país como Alagoas, Bahia e Pará que se escondem na Vila Cruzeiro.
"O objetivo ainda está mantido de buscar criminosos de outros estados que estão buscando abrigo aqui com essa facção criminosa, que opera na Vila Cruzeiro, no Jacarezinho, na Mangueira, na Providência e no Chapadão. Eles estão hospedando criminosos de outros lugares, entre eles, criminosos do Pará, que determinaram a morte de mais de 13 agentes públicos somente este ano", disse Blaz em entrevista a 'Bom Dia Rio', da TV Globo.
O porta-voz disse ainda que a morte da moradora é uma "realidade trágica" e que os criminosos desta facção são responsáveis por cerca de 80% dos confrontos armados no Estado.
"Estamos falando de um confronto armado em que se usam armas de guerra, munições de alta velocidade, que cruzam longas distâncias. Segundo informações, ela teria sido atingida logo no início da operação quando criminosos estavam atacando os policiais. O sentido do tiro aponta para esse lado, a perícia já foi feita, já temos o corpo removido. Logicamente, esse resultado logo no início da operação já nos desestimula. Ele já é um fato lamentável, muito lamentável, uma família impactada por um resultado da violência", disse Blaz, que depois completou:
"Precisamos desbaratar essa quadrilha que já é hoje responsável por mais de 80% dos confrontos armados do Rio de Janeiro. Essa facção criminosa que opera ali na região da Vila Cruzeiro atua numa campanha expansionista em todo o nosso estado".
Um helicóptero blindado da PM deu apoio aos agentes em terra. Os agentes apreenderam 13 fuzis, quatro pistolas, granadas e grande quantidade de drogas, ainda não contabilizada. Na localidade conhecida como Vacaria, 20 motocicletas e dez carros usados por criminosos em fuga foram apreendidos.
Aulas interrompidas
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que 19 unidades escolares estão com as portas fechadas na região da Penha, por conta da operação. Os alunos estão tendo atividades realizadas de maneira remota. A medida de segurança segue o protocolo previsto e tem o objetivo de não expor funcionários e estudantes aos riscos. A pasta não informou quais escolas e a quantidade de alunos afetados.
Além das escolas, as Clínicas da Família Felippe Cardoso e Klebel De Oliveira Rocha estão funcionando apenas com atividades internas.
Tiroteio assusta moradores desde a madrugada
Segundo relatos de moradores em redes sociais, houve registros de intensos confrontos na área de mata. "Chapa quentíssima na Vila Cruzeiro", alertou um. "Tiroteio desde 3 horas da manhã na Penha. Ninguém tem paz nessa cidade", disse outro.
"Se você está deitado em sua cama nesse momento, você é privilegiado sim. Aqui na favela, já tem gente deitado no chão, no corredor, no beco e/ou no cantinho considerado mais seguro da casa. Não temos paz!", comentou mais um. 
Ação em fevereiro com vários mortos
Adriano de Souza Freitas, o Chico Bento, principal alvo da operação, não foi encontrado pelos policiais militares, assim como nenhum outro alvo de mandado de prisão na ação. 
Sete fuzis, quatro pistolas, 14 granadas, cocaína, maconha e uma carga roubada de cigarros foram apreendidos e levados para a 22ª DP (Penha). Um homem, que também não estava no escopo da operação, foi preso em flagrante por fazer parte do tráfico local. Uma mulher, que seria responsável pela guarda de um carro com mais de 300 kg de maconha, foi conduzida para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Ela foi localizada nas imediações do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.