Mais uma paciente do anestesista Giovanni Quintella Bezerra saindo da Deam em São João de Meriti, na Baixada FluminenseCleber Mendes/Agência O Dia
Sobe para 50 o número de possíveis mulheres estupradas por médico anestesista
Mais uma paciente compareceu à Deam de São João de Meriti nesta sexta-feira (15), de forma espontânea, para denunciar Giovanni Quintella Bezerra
Rio - O número de casos investigados como possível estupro do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, aumentou nesta sexta-feira. Segundo informações de fontes da Polícia Civil, a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti recebeu uma lista com 44 nomes de mulheres atendidas pelo criminoso no Hospital Estadual da Mãe de Mesquita. Também são investigados outros seis casos no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, ambos localizados na Baixada Fluminense. Esta última unidade foi onde ocorreu a prisão de Giovanni, após ser flagrado estuprando uma mulher na sala de parto, no dia 10 de julho.
Também nesta sexta-feira, uma mulher compareceu à Deam, de forma espontânea, para dar o seu relato sobre o atendimento que recebeu do anestesista durante a cesárea realizada no dia 16 de junho deste ano, no Hospital da Mulher. Acompanhada de outras duas mulheres e o filho de menos de um mês nos braços, a paciente saiu por volta das 15h30 da delegacia e preferiu não falar com à imprensa. Ela também denunciou Giovanni.
Na quinta-feira (14), uma outra paciente compareceu à distrital para prestar depoimento. Segundo o seu advogado, Joabs Sobrinho, ela relatou que o médico se insinuou para ela, a dopou e teve "atitudes estranhas". Foi após a sua cirurgia, ocorrida no dia 10 de julho, no período da manhã, que os enfermeiros decidiram que iriam gravar a conduta de Giovanni dentro da sala de parto.
"Ela relatou que no dia do parto ele a dopou. Antes disso, no preparatório, ela estranhou o comportamento do médico. No momento da sonda ele disse que ele quem iria botar, dispensando a ajuda dos enfermeiros. Ele se insinuava o tempo todo: "sua tatuagem é muito bonita". Em determinado momento o roupão dela caiu e ela estava com frio por causa do ar condicionado. Aí ele disse: "você está com o seio arrepiado?" Foi então que um enfermeiro a ajudou a vestir o roupão de volta", disse o advogado da possível vítima. Em um outro momento a mulher disse ao advogado que lembra de ter visto o médico próximo da sua cabeça, mas logo voltou a dormir.
O advogado também afirmou que pretende processar o Estado do Rio de Janeiro por negligência. Joabs diz que ninguém da direção a informou sobre o ocorrido e nem a orientou sobre tomar um coquetel anti-HIV na saída do hospital. A mulher ficou sabendo que poderia ter sido uma das vítimas do anestesista através da delegada Bárbara Lomba, titular da Deam que investiga o médico, na terça-feira (12).
MPRJ denuncia médico por estupro de vulnerável
O Ministério Público do Rio (MPRJ), por meio da 2ª Promotoria de Justiça Criminal de São João de Meriti denunciou à Justiça, nesta sexta-feira, o médico anestesista Giovanni Quintella pelo crime de estupro de vulnerável contra uma mulher que havia acabado de dar à luz, no centro cirúrgico do Hospital da Mulher Heloneida Studart. De acordo com a denúncia, os crimes em questão foram cometidos contra mulher grávida e "com violação do dever inerente à profissão de médico anestesiologista".
Para preservar e resguardar a imagem da vítima, o MPRJ requereu sigilo no processo, bem como a fixação de indenização em favor da vítima, em valor não inferior a 10 salários mínimos, considerando os prejuízos de ordem moral a ela causados, em decorrência da conduta do denunciado.
Prisão preventiva
Giovanni Quintella está preso preventivamente em Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, desde terça-feira (12). Por questões de segurança, ele foi colocado em uma carceragem especial e individual de 36m². Dentro das cadeias, determinados crimes, estupro é um deles, não são bem aceitos por outros presos, necessitando, por exemplo, que o criminoso permaneça em cela isolada.
Por ter diploma de ensino superior, o médico tem direito, segundo o artigo 295 do Código de Processo Penal, a uma cela especial, enquanto sua prisão é preventiva.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.