Bruno Krupp foi preso em um hospital do Méier, mesmo após ter recebido alta do Hospital Lourenço Jorge, na BarraRede Social

Rio- A defesa do influenciador Bruno Krupp, 25 anos, alega que a motocicleta conduzida no dia do atropelamento que matou o adolescente de 16 anos, João Gabriel Cardim, perdeu o freio. O modelo foi preso sob custódia nesta quarta-feira (3) no Hospital Marcos Moraes, no Méier, na Zona Norte, onde está internado. O acidente ocorreu no sábado passado (30), na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste.

O modelo foi socorrido junto com a vítima e levado para o Hospital Lourenço Jorge, com algumas escoriações, mas teve alta no último domingo (31) e em seguida deu entrada na unidade do Méier. Já João Gabriel chegou em estado grave - com o impacto do acidente o jovem teve a perna amputada - , foi encaminhado ao centro cirúrgico, mas não resistiu.
De acordo com a juíza Maria Izabel Peranti, que decretou a prisão preventiva, ele deve responder pelo crime de homicídio doloso eventual no trânsito, quando assume o risco de matar. Na decisão, a magistrada explica que há indícios suficientes para submeter Bruno ao julgamento pelo Tribunal do Júri.
Em defesa, o advogado de Bruno, Willian Pena, alega que o veículo não estava sem placa e que a vítima teria ameaçado atravessar e voltado, por isso o influenciador acabou o atingindo. Apesar disso, a família do adolescente está recebendo apoio moral e financeiro.

“Ninguém está correndo da responsabilidade. Houve um erro de perícia, a moto não estava desemplacada (sic). A placa caiu e eu vou apresentar na delegacia. O que ele me disse antes de entrar na cirurgia foi que a moto perdeu o freio e ele perdeu o controle porque se assustou com o rapaz”, disse.

Em relação à velocidade, o advogado justifica o fato de Bruno ser jovem e diz que o caso foi uma fatalidade e que não deveria ser julgado como homicídio doloso, porque não houve a intenção de matar.
"Acredito que ele estivesse rápido sim, mas era uma moto de quase mil cilindradas, a juventude de hoje quer da uma arrancada. Ele vai pagar o preço pelo erro que cometeu, mas não houve dolo, ninguém sai de casa hoje pra poder matar ninguém atropelado, está havendo um certo exagero. Não houve perícia, o local do acidente foi desfeito, não se pede a prisão preventiva por informações do Instagram", afirmou.

Sobre a carteira de habilitação e a blitz da Lei Seca na qual Bruno foi parado três dias antes do acidente, com a motocicleta também sem placa, a defesa desmente e informa que a o veículo sempre foi emplacada, e que o influenciador apenas não estava com a carteira em mãos por problemas no Detran, mas que possui permissão para dirigir.

"No momento da blitz a moto estava emplacada, com os documentos dele, ele só não tinha habilitação ainda, mas ele já tinha deferido a carteira dele, ele tinha permissão para dirigir, ele só não pegou a carteira, mas ele foi aprovado para dirigir a moto. Tudo isso eu vou colocar no processo, a placa saiu da moto, é um lacre de chumbo e na hora que raspou no asfalto deve ter saído", disse.

O influenciador ainda passará por uma cirurgia nesta quarta (2) e não tem previsão de alta.
"Acredito que daqui uma semana, com fisioterapia, ele vai voltar a andar, a operação foi de localização de vértebra, saber se realmente foi rachada e reparação de pele, isso é muito importante, ele raspou muito no asfalto, então ficou sem parte das nádegas, parte do joelho, braço, está com as duas mãos enfaixadas, ele não se move", revelou o advogado.
Em nota, a unidade informou que a família não autorizou a divulgação do boletim médico.

A defesa considera o acidente como uma fatalidade e pretende solicitar um habeas corpus. "A gente entende a dor da família, mas do lado de cá tem uma família também que está sofrendo. Não tem argumentação lógica para que se mantenha um decreto prisional desse, sem se quer ouvi-lo, ouvir testemunhas e nem ver as câmeras da CET-Rio, ele tem que pagar pelo erro dele sim, mas será que a moto apresentou algum defeito? porque pelas testemunhas que eu conversei a moto deu uma pane, pode ser pane elétrica, freio, ou algo nesse sentido", finalizou.
O adolescente João Gabriel tinha 16 anos e teve perna amputada no local do acidente - Rede Social
O adolescente João Gabriel tinha 16 anos e teve perna amputada no local do acidenteRede Social


Estupro e estelionato

Agentes da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá também estiveram no hospital onde Bruno está internado para o intimar a prestar depoimento sobre o caso de estupro registrado em julho deste ano, em que uma mulher de 21 anos registrou uma queixa contra Bruno. De acordo com a ocorrência, a mulher foi encaminhada para o IML. No entanto, o advogado Willian Pena alega que a vítima retirou a queixa. 

“A vítima de Jacarepaguá retirou a queixa, se retratou, porque o ato foi consensual, foi em uma festa, tinha bastante gente, não houve estupro, a vitima estava muito consciente’" relatou o advogado.
Policiais da DEAM de Jacarepaguá estiveram no hospital para intimar Bruno a depor sobre a acusação de estupro - Sandro Vox/Agência O DIA
Policiais da DEAM de Jacarepaguá estiveram no hospital para intimar Bruno a depor sobre a acusação de estuproSandro Vox/Agência O DIA


Em abril de 2021, foi registrada na 15ª DP (Gávea), uma acusação de estelionato contra Bruno. Em depoimento, a gerente do Hotel Nacional afirmou que Krupp oferecia diárias mais baratas do que no site do estabelecimento e, para que a compra fosse efetuada, os clientes deveriam transferir o dinheiro para uma conta divulgada pelo modelo. Krupp então realizava o pagamento das reservas com cartões clonados. Ainda segundo a gerente do local, o prejuízo foi estimado em R$ 428 mil e Bruno teria conseguido sair do Hotel antes do estabelecimento detectar as fraudes. Nesse caso, a defesa alega que o caso já foi arquivado.