Sócio de clube na Barra da Tijuca é investigado por agredir e praticar racismo contra jovem de 15 anos
Pai da vítima conta que o homem deu uma cotovelada e um soco no rosto do seu filho no Marina Barra Clube. A ocorrência foi registrada na 16ª DP (Barra da Tijuca)
Jovem de 15 anos foi agredido e vítima de racismo em clube na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio
- Reprodução/Redes sociais
Jovem de 15 anos foi agredido e vítima de racismo em clube na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio
Reprodução/Redes sociais
Rio - A Polícia Civil está investigando um sócio do Marina Barra Clube, localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, pelos crimes de racismo e lesão corporal contra um jovem de 15 anos. A denúncia foi registrada pelo pai da vítima, o advogado Alberto Benoliel, no último dia 5 de agosto, na 16ª DP (Barra da Tijuca). O responsável também procurou o DIA, na última quarta-feira (10),para relatar o ocorrido. Segundo Alberto, o jovem estava brincando com outros colegas adolescentes no clube, quando o sócio, identificado como Mário Augusto, de 60 anos, o agrediu com uma cotovelada e um soco no rosto.
Em depoimento na delegacia, Alberto contou que a brincadeira entre os rapazes envolvia empurrões e que o sócio interferiu e começou a ser agressivo com seu filho, dizendo frases como: "isso aqui não é lugar para você" e "vaza daqui moleque". A família da vítima acredita que a postura de Mário com ele foi por causa da cor da pele.
"Ele não foi em cima dos outros, só em cima do meu filho, que é pardo e estava usando tranças. Depois que meu filho parou com a brincadeira, o cara ainda deu um soco e uma cotovelada nele. A sorte que ele teve reflexo e desviou, mas mesmo assim ainda foi atingido", contou Alberto ao DIA.
O jovem ficou tão traumatizado com a história que logo que chegou em casa foi tirar as tranças. "Ele ficou com medo da minha reação, mas a gente sente que mexeu muito com ele. A sorte que o jovem esquece rápido, só que eu não posso permitir que fique por isso mesmo. Em pleno século XXI, racismo é um absurdo", desabafou.
Além de registrar a ocorrência, o jovem passou por exame de corpo delito. Testemunhas também foram ouvidas e o sócio ainda deverá prestar depoimento na próxima semana. Alberto pede que a Justiça seja feita. "Senhor Mário, quero lhe encontrar, olho no olho, olhos de sangue, sangue de justiça, infelizmente, com base na Lei, agora que estou mais calmo. Peço a quem porventura tenha presenciado o ocorrido, ou saiba quem é o agressor, não se omita, a próxima vítima pode ser seu filho", escreveu em sua rede social.
Na terça-feira (9), o Marina Barra Clube emitiu uma nota aos sócios informando que Mário Augusto havia sido suspenso de forma cautelar do clube. No entanto, a decisão pela suspensão foi retrucada por outros membros do clube, que pediram pela expulsão do homem. "Se não for excluído, eu e minha família também sairemos". O pai do jovem também rebateu a nota: "A única decisão que aceito é a exclusão do quadro de sócios. Se ele não sair, saio eu".
O que diz o clube
Por meio de nota, o Marina Barra Clube informou que assim que tomou conhecimento do caso, a diretoria convocou os envolvidos e, ouvida as versões apresentadas, decidiu pela suspensão cautelar imediata do sócio denunciado.
"A suspensão cautelar foi determinada no dia 9 de agosto, antes mesmo de o ocorrido ser divulgado nos meios de comunicação, o que demonstra a prioridade do Clube em esclarecer o ocorrido e proteger todos os seus sócios, penalizando aqueles que se comportarem de forma inadequada em suas dependências. O Clube continua com a apuração de todos os fatos, com rigor que o assunto merece, e adotará todas as medidas que lhe forem solicitadas. Por fim, o Clube ressalta que não pactua com qualquer forma de discriminação, seja ela de cor, raça, credo ou de outra forma que venha a causar constrangimentos aos seus sócios e dependentes."
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