Daiana está internada no Hospital de Bonsucesso, onde já passou por quatro cirurgiasArquivo Pessoal
Segundo o advogado da vítima, Ornélio Mota, o depoimento levou aproximadamente duas horas. “Ela relatou de uma forma resumida, narrou toda a história e tudo que ela passou, até porque nos autos da ação criminal já consta um vasto lastro probatório”, disse.
Daiana comentou ainda estar muito abalada com toda essa situação e que sofre com saudade da família. Ela alega não está sendo fácil suportar todo esse processo e aponta que ainda sente dores nas regiões operadas por Bolivar Guerrero.
“Estou muito abalada, não paro de chorar todos os dias, a luta está sendo grande, parece que não tem fim, e o que me dói mais é quando meu filho está do outro lado me chamando e eu não posso fazer nada para está junto com ele. Mas estou aqui, na luta e vou lutar cada dia mais para que eu fique boa e logo estar junto da minha família. Sinto dores, quase não ando, é só mesmo do banheiro para a cama”, disse.
A paciente comentou ainda se sentir sozinha e que pede a Deus para que volte logo para casa. “É complicado, me sinto muito sozinha e a cabeça parece que embaralha tudo e do nada eu só choro, estou precisando de um psiquiatra pra ver se me ajuda porque não está sendo fácil ficar esses quatro meses nesse processo. Estou cada dia orando, pedindo a Deus para que eu saia logo dessa”, lamentou.
No último sábado (13), o advogado relatou que os médicos apontavam que Daiana teria desenvolvido trombose nos seios, quando há formação de coágulo que impede a circulação sanguínea. No entanto, esse quadro foi descartado pela equipe médica ainda nesta segunda. “Parecia uma trombose, mas na verdade foi uma má cicatrização que criou um caroço no seio”, explicou.
Daiana está internada no Hospital de Bonscuesso desde o último dia 21 e já passou por quatro cirurgias na unidade. Anteriormente, ela estava sendo mantida em cárcere privado no Hospital Santa Branca, em Caxias. No dia 20 de julho, o Tribunal de Justiça do Rio também decretou o bloqueio de R$ 198 mil dos bens do médico Bolivar Guerrero Silva e da unidade de saúde. Segundo a decisão, o valor seria usado para pagar a transferência da paciente Daiana Cavalcante para um outro hospital particular. No entanto, o Hospital Federal de Bonsucesso liberou uma vaga para receber a vítima.
Apesar do bloqueio dos bens, o advogado Ornélio Mota, informou que nenhum valor foi destinado a Daiana. Ele alega que solicitou petições para que o dinheiro seja destinado a contratação de psiquiatra e técnico de enfermagem para a paciente, mas que o pedido ainda não foi aceito.
“Ela (Daiana) está fragilizada psicologicamente devido ao sofrimento que ela passou e até mesmo em relação as feridas. Ela precisa de ajuda, nós temos um laudo da equipe médica solicitando um psiquiatra para acompanhá-la e a ajudar. Fiz um pedido a justiça para a liberação do dinheiro bloqueado, mandei os orçamentos para a juíza, inclusive de uma acompanhante, mas até agora não foi liberado”, disse.
De acordo com a juíza Maria Daniella Binato de Castro, titular da 5ª Vara Cível de Duque de Caxias, onde tramita o caso, em com relação ao processo, a tutela antecipada de transferência da autora para outro hospital, bem como a posterior determinação de bloqueio de valores, foi deferida em caráter excepcional e urgente, face a gravidade dos fatos narrados.
"O processo segue o seu regular curso. No momento, aguardando o recolhimento das custas pela autora, para análise do pedido realizado, bem como citação dos réus para apresentarem contestação, caso queiram", finalizou.
A denúncia contra Bolivar Guerrero aponta que Daiana era mantida em cárcere privado no Hospital Santa Branca, em Caxias, após um procedimento estético na barriga dela ter dado errado. Ela havia realizado uma abdominoplastia no início de março e precisou voltar em junho para se submeter a mais três intervenções. No retorno, contudo, o procedimento apresentou problemas e ela teve complicações com um dos pontos da barriga necrosado.
Após a prisão do cirurgião, outras vítimas compareceram a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), em Duque de Caxias, para denunciar o médico. Elas o acusam de lesão grave e apontam erros em suas cirurgias.
No último dia 27, Bolivar Guerrero teve sua prisão temporária prorrogada por mais 25 dias a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Já no dia 29, ele passou por nova audiência de custódia em que o Ministério Público pedia a conversão em prisão em preventiva, quando não tem prazo para acabar.
Apesar disso,a juíza que presidiu a audiência, Rachel Assad, entendeu que a prisão do médico se encontrava em situação legal, ela manteve a situação dele como temporária e deixou para o juízo natural do caso avaliar a situação quando o prazo estiver próximo de expirar.
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