José Henrique da Silva, conhecido como Zé Careca, de 53 anos, foi baleado e morto no Complexo da MaréReprodução/Redes sociais

Rio - Familiares e amigos de José Henrique da Silva, conhecido como Zé Careca, de 53 anos, um dos sete mortos na operação do Complexo do Maré, Zona Norte do Rio, afirmam que ele não tinha envolvimento com o tráfico e não participou do confronto com policiais militares na manhã de segunda-feira (26). A Polícia Militar alega que todos os mortos na ação eram suspeitos, mas ainda não informou se havia algum armamento com José.
Ao todo 27 pessoas foram presas e sete fuzis, oito pistolas, uma réplica de arma de pressão/ar comprimido, uma granada foram apreendidos. Aproximadamente uma tonelada de maconha e 50 pés da planta, 48 frascos de lança-perfume também foram apreendidos e 20 carros e motocicletas roubados, recuperados.
Segundo um parente de Zé Careca, que prefere não ser identificado, o homem havia montado uma barraca para vender água e doces no início de um evento na Vila do João, local que integra o complexo. No entanto, durante a madrugada, ele voltou para casa a fim de descansar e deixou a barraca com a filha e a mulher. Já no início da manhã, assim que ouviu os primeiros disparos, José Henrique voltou ao local de moto para ajudar a família, mas foi baleado no caminho. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Inconformados, parentes temem por uma nova injustiça na família. Há 17 anos, o filho de Zé Careca foi morto a tiros na comunidade. Segundo eles, o adolescente, que na época tinha 16 anos, estava brincando de soltar pipa quando supostamente teria sido atingido por policiais militares. O caso não foi investigado na época, afirma a família.
O corpo de José Henrique será enterrado na quarta-feira (28), às 14h30, no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio. A enteada dele esteve no Instituto Médico Legal (IML) do Centro, nesta terça-feira (27), para fazer a liberação do corpo.
O que diz a PM
A Polícia Militar informou que todas as circunstâncias das ações estão sendo apuradas pela Polícia Civil e que os agentes envolvidos na operação já foram ouvidos. A Corporação também instaurou um procedimento apuratório para averiguar a conduta dos policiais na comunidade.
Além disso, a PM reforçou o patrulhamento nos acessos ao complexo na manhã de hoje (27), com viaturas e um veículo blindado. A ação emergencial de ontem, realizada pelos Batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e de Ações com Cães (BAC), junto com a coordenadoria Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil, teve como objetivo impedir uma invasão de traficantes da Maré à favelas dominadas pelo Comando Vermelho. Diversas trocas de tiro foram registradas durante toda a operação.