Corpo de Alexandre Guedes Monteiro, de 21 anos, é enterrado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (4)Cleber Mendes/ Agência O Dia

Rio - Aproximadamente 60 pessoas estiveram no Cemitério de Irajá, Zona Norte do Rio, na tarde desta terça-feira (4), para se despedir de Alexandre Guedes Monteiro, de 21 anos, morto durante a guerra entre facções rivais no Morro da Pedreira, em Costa Barros. Amigos e familiares fizeram um momento de oração e ecoaram gritos pedindo justiça pela morte do morador. Segundo eles, Alexandre não tinha envolvimento com o tráfico local e foi vítima da violência.
"Vagabundo teria dinheiro para comprar apartamento, ele não tinha dinheiro. Ele era frentista, foi mandado embora e estava para ganhar na Justiça uma indenização. Com esse dinheiro ele ia construir uma casa para morar com os três filhos. Meu filho era um rapaz inocente. Acabaram com a minha vida! Quantos inocentes vão morrer por causa da rivalidade? Tinha crianças, mulheres grávidas e com crianças pequenas no meio do tiroteio", indignou-se a mãe do rapaz, Joice Guedes Brito. "Eu daria minha vida pela vida do meu filho, levaram um inocente", desabafou.
Joice disse que Alexandre foi a uma festa de motocicleta que acontecia na comunidade quando houve o confronto. "Depois do evento ele foi beber com os amigos em um barzinho e antes de ir embora ele se levantou para urinar. Foi nesse momento que ele foi baleado e caiu de frente. Os moradores até tentaram levar ele para a UPA numa moto", detalha a mãe. Durante o sepultamento, muito abalada, Joice jogou uma pá de terra em cima do caixão do filho. 
A moradora Isabel Cristina também esteve no enterro e se mostrou revoltada com a segurança pública. "Tem dois menores de idade que estão desaparecidos depois do tiroteio. Mais uma família chora porque não há lei no Brasil. Acham que quanto mais morrer melhor", disse.
Até o momento, nenhum dos envolvidos na disputa por território foi preso ou identificado. Na manhã desta terça-feira, uma ação da PM no Complexo do Chapadão, prendeu dois suspeitos. Um deles ficou ferido e está preso sob custódia na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
A guerra se deu devido a uma tentativa de invasão dos bandidos do Chapadão, que são do Comando Vermelho (CV), no Morro da Pedreira, dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP). Houve tiroteio e muita correria na madrugada de segunda-feira (3). Além de Alexandre, a empresária Taylane de Souza Fernandes, de 22 anos, também foi baleada e morta no confronto. O corpo dela também será enterrado no Cemitério de Irajá, às 16h. 
*Colaborou Cleber Mendes