Victor Arthur Possobom, 32 anos, deu socos e sufocou o enteado de apenas 4 anosReprodução

Rio - Jéssica Jordão Carvalho, mãe do menino de 4 anos agredido pelo padrasto, apresentou à Justiça, nesta quinta-feira (3), dois áudios que indicam que Victor Possobom teria tentado interferir nas investigações contra ele. O preso é investigado de torturar contra a criança. No primeiro áudio, exibido durante a audiência de instrução e julgamento do caso, o lutador de boxe Victor teria dito: "Por isso que eu queria resolver isso antes de chegar em juiz nenhum. Resolver ali na maciota com um policial direto, com o delegado para ele rasgar as folhas e acabou".
Em um segundo áudio, gravado supostamente pela mãe do preso, ela fala sobre um laudo psiquiátrico que indicou que Victor sofre com problemas mentais. "Eu preciso que você converse com a sua amiga, que te deu esse laudo, se ela não te trata. Se ela te tratar, passar a medicação e você começar a medicação. Porque esse já é o grande lance. Esse laudo que tá na sua mão já é o que te livra disso, entendeu? E aí provar que você tá se tratando. Eu acho que termina isso".
Ouça os áudios obtidos pelo DIA:
 
Após ter sido denunciado pelas agressões, em fevereiro, a defesa de Victor teria alegado que ele sofre de problemas psiquiátricos, mas uma amiga de Jéssica já havia contado que isso seria mais uma estratégia para "tentar manter ele solto".
De acordo com ela, Juliana Chaves, a atual namorada de Victor é a psiquiatra que assinou o primeiro laudo que atestava o problema psiquiátrico. Seria com a médica que Victor estava vivendo até que as agressões ao enteado vazaram. "Não há problemas psiquiátricos, o que existe é uma rede de proteção muito grande em torno dele", contou a amiga ao Dia na época da repercussão do vídeo em que Victor aparece agredindo o menino. 
Imagens impressionantes mostram Victor dando socos e sufocando o enteado em um condomínio no bairro de Icaraí, em Niterói. O crime aconteceu em fevereiro deste ano, mas os vídeos só foram divulgados no dia 15 de setembro. Veja o vídeo:
Primeira audiência do caso
A primeira audiência de instrução e julgamento de Victor começou às 15h15, desta quinta-feira (3), na 1ª Vara Criminal de Niterói. Além da mãe da criança, o síndico do prédio que encaminhou os vídeos que mostram as agressões ao Conselho Tutela e à Polícia Civil também foi ouvido.
A defesa de Jéssica ressaltou a importância de manter Victor preso devido ao histórico violento do lutador de boxe. "O judiciário não pode fechar os olhos e deixar um homem com histórico de agressões impune e solto". Além do inquérito sobre as agressões à criança, a Polícia Civil já tinha aberto mais cinco outros contra o lutador, nos quais foi denunciado por agredir a própria mãe e namoradas.
Em julho de 2013, contra Victor foi registrado uma denúncia de lesão corporal e injúria contra a própria mãe. Na ocasião ele chegou a ser preso. Em janeiro em 2015, ele foi denunciado novamente por ameaça, lesão corporal e injúria contra duas mulheres. Dois anos depois, em fevereiro de 2017, o lutador voltou a ser denunciado por lesão corporal contra uma namorada. "O próximo passo dele é matar alguém, aí será tarde demais", completou a defesa de Jéssica.
Na audiência, as testemunhas foram ouvidas e o réu interrogado. Inicialmente, o Ministério Público iria ouvir também o menor, vítima de Victor, mas desistiu por conta da pouca idade da criança. Com o fim da instrução terminal, agora o juiz aguarda que o MP e a defesa do acusado se manifestem para que seja dada a sentença. Victor vai aguardar o fim do processo preso após ter seu pedido de liberdade negado.
Procurada, a defesa de Victor Possobom ainda não respondeu sobre os áudios.