Flordelis e mais quatro réus são julgados no Tribunal do Júri, em Niterói, desde a última segunda-feira (7)Pedro Ivo/Agência O DIA
Além de Flordelis e da filha biológica, também estão sendo julgados Rayane dos Santos Oliveira, neta; e Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira, filhos adotivos. O julgamento também foi marcado por um conflito entre a defesa dos réus e o Ministério Público (MPRJ).
O júri precisou ficar em pausa porque a advogada de defesa Janira Rocha pediu para incluir a jornalista autora do livro "O Plano Flordelis: Bíblia, filhos e Sangue", Vera Araújo, como testemunha, e a juíza teve que redigir a inclusão. Foi neste momento, que a filha biológica da ex-parlamentar passou mal.
A autora foi convocada pela defesa de Flordelis, após o promotor Décio Viegas, que faz parte da banca do MPRJ, usar trecho do livro em que a advogada Janira é citada: "A advogada conta que, com a ajuda de Paula do Vôlei, usou a própria experiência de vida para persuadir algumas das "filhas" de Flordelis a tornar públicas as investidas supostamente promovidas pelo pastor. Para criar empatia, a advogada abordava o assunto com elas revelando que havia sofrido abuso por parte do avô aos 8 anos", dizia o trecho.
A advogada, no entanto, se pronunciou e alegou que o que o MPRJ sugeriu que ela poderia está influenciando a testemunha, o que não seria verdade. A juíza, no entanto, indeferiu a convocação da jornalista Verá Araújo e também decretou uma multa de 15 salários mínimos para toda a equipe de defesa da Flordelis. A juíza Nearis finalizou sua decisão dizendo que, caso houvesse a dissolução da defesa, os réus teriam cinco dias para apresentar uma nova equipe de advogados. Caso contrário, a justiça iria indicar a Defensoria Pública.
Depois da fala da magistrada, a advogada Janira Rocha, pivô da confusão, pediu a palavra e negou a dissolução da equipe. No fim, ela ainda afirmou que o juízo estava sendo parcial.
Durante os depoimentos desta quarta (9) Flordelis se manteve, a maior parte do tempo, de cabeça baixa e com a mão na boca. Estiveram no Fórum, a mãe da pastora Calmozina Motta e o namorado Allan Soares, com quem assumiu o namoro em junho de 2021, semana antes de ser presa, ele é 25 anos mais jovem que a ex-deputada.
Depoimentos
O primeiro depoimento do dia foi o de Luana Vedovi Rangel Pimenta, mulher de Wagner Pimenta, o Misael, filho adotivo da ex-deputada. Em sua oitiva, a testemunha de acusação afirmou que a sogra exercia grande influência sobre os familiares e que conseguiu fazer com que grande parte deles a apoiassem durante as investigações do crime e do processo.
A segunda testemunha a depor, foi Daniel dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis. Ele relatou que, no dia do crime, ouviu cerca de seis tiros disparados em um pequeno intervalo de tempo e que escutou a ex-deputada gritando que teriam matado seu marido. Daniel também descreveu a atitude da mãe ao saber da morte do marido: "Ela não teve reação, foi mais um teatro". Enquanto relatava os acontecimentos, a ex-deputada chorava e cobria o rosto, sendo amparada pelos advogados em vários momentos da oitiva. O depoimento foi realizado por videoconferência, pois ele alegou possuir sentimentos pelos réus.
A terceira testemunha a depor foi a filha adotiva do casal Dayane Freires, que trabalhava como tesoureira na igreja da ex-deputada. Ela falou sobre a relação da família e citou uma situação de abuso sexual que supostamente teria sido cometida pelo pastor contra Kelly, outra filha adotiva. Dayane contou ainda que Flordelis sabia que o marido alisava as meninas.
A última testemunha a depor nesta quarta-feira (9) foi a neta de Flordelis, Raquel Silva, também filha de Carlos Ubiraci, um dos envolvidos no crime e já julgado. Em depoimento, ao ser questionada pelo Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), sobre como foi o comportamento da ex-deputada após o falecimento do pastor Anderson do Carmo, ela alegou que foi de fingimento, pois a avó parecia estar satisfeita com a situação: "Ela estava bem calma. A cara dela, aliás, era de satisfação. Teve até umas ligações que ela fez, em que ela fingiu choro e depois ficava tudo normal", lembrou.
Na terça-feira (8), durante segundo dia de oitivas, prestaram depoimento o inspetor da DHNSGI, Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso, e os filhos adotivos Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, e Wagner Pimenta, batizado por ela como Misael.
Já durante o primeiro dia de julgamento, nesta segunda-feira (7), foram ouvidos a delegada Bárbara Lomba, que iniciou as investigações quando era titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), o delegado Allan Duarte, responsável pela conclusão do inquérito e Regiane Ramos Cupti Rabello, chefe de Lucas dos Santos de Souza, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime.
Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
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