Flordelis e mais quatro réus são julgados pela morte do pastor Anderson do CarmoBrunno Dantas/TJRJ
'Morto não fala', diz promotora sobre acusações contra Anderson do Carmo
Flordelis dos Santos de Souza, Simone dos Santos Rodrigues, Rayane dos Santos de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva afirmaram que pastor cometeu abusos sexuais
Rio - Os promotores de Justiça do Ministério Público do Rio (MPRJ) utilizaram seu tempo no debate para afirmar que houve tentativa de transformar Anderson em um dos réus no julgamento de Flordelis dos Santos de Souza e outras quatro pessoas pela morte do pastor, que começou na última segunda-feira (7), no Tribunal do Júri do Fórum de Niterói, e deve chegar ao fim na manhã de domingo (13). A fala se referiu as acusações de abuso sexual contra a vítima feitas pela ex-deputada; filhas biológica e afetiva, Simone dos Santos Rodrigues e Marzy Teixeira da Silva; a neta Rayane dos Santos de Oliveira; além de testemunhas de defesa que prestaram depoimento.
De acordo com a promotora Mariáh Paixão, o julgamento durou seis dias porque acabou se transformando em dois, sendo um deles de Flordelis, Simone, Marzy, Rayane e do filho afetivo da parlamentar cassada, André Luiz de Oliveira, acusados de envolvimento no assassinato do pastor, e outro do próprio pastor, por conta do que chamou de "mais nova tese" da defesa dos réus, que vem alegando desde o primeiro dia que o crime foi motivado por conta da suposta violência sexual cometida pelo então marido da ex-deputada, o que, segundo ela, viola a memória e a dignidade da vítima.
"Fizemos dois júris aqui. São cinco as pessoas que vieram ser julgadas, mas o que vimos foi uma tentativa da defesa fazer o Anderson sentar no banco dos réus. Morto não fala. Na visão do Ministério Público, essa tese de conveniência é violadora da dignidade e da memória da vítima. A vítima é Anderson, que foi encontrado com 30 perfurações, de cueca, na porta de casa. A tese dos abusos sexuais é a mais nova. A primeira que surge é o latrocínio, que durou um dia. Quer se fazer uma releitura e jogar nessa história pontos de abuso", declarou Paixão.
O MPRJ também pediu, ao fim das alegações, a absolvição de André pela morte do pastor, mantendo o pedido de condenação por tentativa de homicídio, por tenta envenenar Anderson, e por associação criminosa armada. A acusação também pediu uma redução de pena para Rayane, por ela ter tido uma contribuição menor no planejamento do crime. Os demais réus vão continuar respondendo pelo assassinato da vítima.
Dissolução do Conselho de Sentença
Durante o debate, que teve início às 18h40, a defesa de Flordelis pediu a dissolução do Conselho de Sentença, alegando que não tiveram acesso aos depoimentos de Raquel dos Passos Silva e Rebeca Vitória Rangel Silva, netas da ex-deputada, ao Conselho Tutelar, documento que foi exibido pelo Ministério Público nas alegações de que a ré pode ter usado uma ex-funcionária de gabinete para manipular as oitivas durante a investigação do crime. A decisão pela nulidade ou não é da juíza Nearis Arce, e deve ser anunciada logo após o intervalo que foi feito para os jurados jantarem.
Segundo o advogado Rodrigo Faucz, caso o pedido seja negado pela magistrada, a defesa vai permanecer no plenário, mas pretende recorrer em instâncias superiores. Na última etapa do julgamento, acusação e defesa têm 2 horas e 30 minutos para alegações, podendo ocorrer réplica e tréplica, com duas horas para cada. Em seguida, os sete jurados - quatro mulheres e três homens - se reunem para decidir sobre a condenação ou absolvição dos réus. Somente depois disso, a sentença é proferida pela juíza.
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