Cidade do Rio registra 13 casos da nova subvariante da covid-19, a Ômicron BQ.1Fernando Frazão/Agência Brasil

Rio - A cidade do Rio de Janeiro registrou, até esta quinta-feira (24), 13 casos da subvariante da covid-19 Ômicron BQ.1, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio). A presença da nova variante foi confirmada no último dia 5 e, desde então, a taxa de positividade da doença segue em crescimento. O aumento também reflete em todo o estado do Rio. Entre a primeira e a segunda semana de novembro, o Estado passou de 4.368 casos confirmados na semana epidemiológica 44 (de 30 de outubro a 5 de novembro) para 18.799 na semana 45 (entre 6 e 12 de novembro). Isso representa um aumento de 430%.
De acordo com a Secretaria estadual de Saúde do Rio (SES), a taxa de positividade nos testes de covid-19 está em 33%. Os dados mostram também que há 209 pacientes internados na rede municipal de saúde por conta da doença e 19 pessoas aguardam na fila por um leito.
O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, explicou que a nova variante se comporta da mesma maneira da variante Ômicron, sendo transmitida de forma fácil, mas para as pessoas vacinadas, ela não provoca aumento de internação nem de óbitos.
Nesta época do ano, em que acontece confraternizações devido aos jogos de futebol da Copa do Mundo, especialistas reforçam a orientação da vacinação completa e o uso de máscara. "Para diminuir a transmissão do vírus, é extremamente importante que a população retome o uso de máscaras adequadas em situações de maior exposição, como transporte público, locais fechados ou mal ventilados, aglomerações e nas unidades de saúde. Além disso, estar com a vacinação em dia é fundamental para diminuir o risco de agravamento da doença", alerta o coordenador do InfoGripe, o pesquisador Marcelo Gomes.
Recomendação do uso de máscara
Até o momento, não há uma recomendação de tornar o uso da máscara novamente obrigatória, entretanto, a proteção é recomendada pela SES para pessoas com sintomas de gripe, assim como pessoas com fatores de risco. Esse grupo é formado por imunossuprimidos, idosos, gestantes e indivíduos com múltiplas comorbidades.
Desde o início do mês, as universidades do Rio voltaram a recomendar uso de máscaras. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) emitiram nota sobre a orientação. O colégio federal Pedro II também fez a mesma recomendação aos alunos
Alerta de especialistas
Para o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), houve um relaxamento da população brasileira em relação à vacinação. "É uma variante que tem um escape. A melhor medida é a vacinação. Como temos um aumento no número de casos, a recomendação é que as pessoas imunossuprimidas usem máscaras em ambientes fechados. A recomendação continua. Essa população deve se precaver. A Covid-19 não vai deixar de existir principalmente para essa população ou para aqueles que ainda ainda não se vacinaram. A doença ainda não desapareceu. Nós vamos ter novas ondas. É possível que nos próximos meses, depois que a onda passar, novas variantes surjam", contou Chebabo.
Também membro da SBI, a infectologista Tânia Vergara explicou que a nova variante possui os mesmos sintomas das demais: febre, coriza, tosse e problemas respiratórios. A especialista informou que existe uma preocupação devido a baixa adesão vacinal, o que pode contribuir com o surgimento de novas variantes.
"Preocupa porque é mais uma subvariante derivada da Ômicron que tem uma capacidade ainda maior de escape da proteção vacinal. É a mesma que circula na Europa atualmente. Ela nem mutações na proteína Spike que permitem que esta se ligue aos ligue aos nossos receptores e infecte as nossas células. Uma dessas mutações é a R346T, também presente na variante BA.5 e está associada a importante escape imune e até é capaz de evadir de anticorpos que se formaram a partir de infecções naturais causadas pela variante Ômicron", disse Vergara.
De acordo com a infectologista, existe uma preocupação maior em relação a crianças que ainda não foram vacinadas. "O que o mundo todo tem mostrado é que a imensa maioria das internações e óbitos ocorrem em pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta. No momento, estamos lutando, inclusive, pela vacinação de todas as crianças de 6 meses a 2 anos e não só aquelas que apresentem comorbidades", analisou.
A especialista disse que só neste ano, até o mês de outubro, 12.634 crianças, até cinco anos, foram hospitalizadas no país. Dessas, 463 morreram.
Vacinação de crianças com comorbidades ou deficiência é prorrogada até sexta-feira (25)
A SMS-RJ prorrogou a vacinação contra a covid-19 para crianças de seis meses a quatro anos com comorbidades ou deficiência para até sexta-feira (25). A vacina Pfizer infantil, destinada a este público, segue disponível em unidades específicas, das 8h às 17h.
Para vacinar os pequenos, os responsáveis deverão apresentar documento (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica, ou outros) que comprove que a criança pertence a um dos grupos de comorbidades prioritárias para a vacinação. A relação das comorbidades e os endereços das unidades indicadas poderão ser consultadas em coronavirus.rio/vacina.
A campanha começou no último dia 16. De acordo com a SMS, a imunização será feita com a vacina Pfizer infantil no esquema de três doses, com um intervalo de quatro semanas entre as duas primeiras e de oito para a terceira. O lote do imunizante faz parte de uma pequena reserva do município que será usada para cobrir o grupo prioritário.