Hamilton: 'Chegou a hora da ação'AFP

Rio - As declarações do ex-piloto Nelson Piquet sobre Lewis Hamilton dadas ao canal do YouTube chamado ‘Motorsports Talks’,  em novembro do ano passado, repercutiram muito mal, após o brasileiro se referir pejorativamente ao inglês com o termo "neguinho". O tricampeão mundial da F-1 se retratou e culpou a tradução do termo pelas acusações de que teria sido racista com o inglês. No entanto, na mesma entrevista, Piquet utilizou o termo novamente e ainda fez uma ofensa homofóbica ao heptacampeão mundial.
"O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí tava meio ruim", teria afirmado o ex-piloto.
As declarações aconteceram no mesmo vídeo, que teve sua edição completa retirada do YouTube, mas que viralizou nas redes sociais. Neste comentário, Piquet se referia a temporada de 1982 e, mais especificamente, sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg. O brasileiro citou o filho dele, Nico Rosberg, que superou Hamilton e foi campeão na temporada de 2016.
Na primeira declaração racista que repercutiu na última semana, Nelson Piquet comentou a batida envolvendo Lewis Hamilton e Max Verstappen na última edição do GP da Inglaterra, no ano passado.
"O "neguinho" meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, "aqui eu arranco ele de qualquer maneira". O "neguinho" deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem", disse comparando a batida entre os pilotos da Mercedes e da Red Bull com a polêmica colisão de Ayrton Senna e o francês Alain Prost, principal rivalidade da Fórmula 1 à época, na largada do GP do Japão, em 1990, que garantiu o título daquele ano ao brasileiro.
As declarações de Piquet repercutiram mal em toda a imprensa esportiva, na F-1 e também geraram resposta de Hamilton. O inglês, que é um dos esportivas mais atuantes no combate ao racismo no mundo, utilizou as redes sociais para rebater os comentários do brasileiro.
"É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Eu fui cercado por essas atitudes e fui alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", afirmou o heptacampeão.
Piquet se desculpou, mas culpou a tradução pela repercussão negativa. "O que eu disse foi mal pensado, e eu não vou me defender por isso, mas eu vou deixar claro que o termo é um daqueles largamente e historicamente usados de forma coloquial no português brasileiro como sinônimo de 'cara' ou 'pessoa' e nunca com intenção de ofender. Eu nunca usaria a palavra que estou sendo acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele", afirmou o brasileiro.