Rio - Duas vítimas dos acidentes com carros alegóricos nos desfiles na Sapucaí estão prestando depoimento na 6ª DP (Cidade Nova) na manhã desta quarta-feira. Essa é a primeira vez que Rafaela Marcolino da Silva foi à delegacia para falar sobre o caso. Na segunda-feira de Carnaval, ela estava em cima da alegoria da Unidos da Tijuca que afundou. Já a fotógrafa Ana Claudia Fernandes, a Cacau, que foi atropelada pelo carro da Paraíso do Tuiuti, já havia ido ao local conversar com um inspetor de polícia.
Advogado de Rafaela, Carlos Viana disse que alguns representantes da agremiação foram ao hospital para visitar a vítima enquanto ela esteve internada e deixaram um telefone para contato. No entanto, ele disse que depois a direção não a atendeu mais. Rafaela quebrou a tíbia e precisava ser operada.
"A Unidos da Tijuca sabia que ela precisava de uma operação imediata, mas ninguém prestou nenhum auxílio. A Rafaela teve ainda que pagar R$ 12 mil dos custos da cirurgia do próprio bolso e com ajuda do empregador. Depois da repercussão do caso, o departamento jurídico entrou em contato comigo, pedindo que as notas fiscais fossem apresentadas para ver se eles vão chegar a algum acordo ou não", explicou o advogado.
Viana disse que há uma reunião com a escola de samba prevista para a próxima sexta-feira para ver se terá algum acordo. "Já deveria ter feito isso há uma semana. A responsabilidade civil da escola está cada vez mais evidenciada. Quem escolheu aquela empresa para operar foi a própria agremiação", reforçou. Procurada pelo DIA, a Unidos da Tijuca informou que todas as vítimas contatadas pela escola para que fossem auxiliadas.
Ensaio com oito componentes
Na escola do Borel há cinco anos, Rafaela disse que o acidente ocorreu muito rápido."Quando viramos, no setor 1, só vimos as pessoas jogando as coisas e senti meu pé", lembrou a vítima. "Não sei se vou processá-los ainda, estou esperando um contato deles primeiro", acrescentou.
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Ela contou ainda que houve apenas um ensaio no barracão com oito pessoas em cima do terceiro andar do carro alegórico. No entanto, Rafaela não soube dizer se no dia havia a mesma quantidade de pessoas. "Só o coreógrafo tem essa informação", completou.
O chefe da comissão de Carnaval da Tijuca, Hélcio Paim, também prestou depoimento, na tarde desta quarta-feira, e negou as acusações de que não houve ensaios no carro alegórico.
"Foram realizados vários ensaios no terceiro andar. Testamos o travamento na escola, só não posso afirmar se no dia desfile foi feito da forma correta, porque era o pessoal da Berg que estava encarregado desta operação", declarou Hélcio.
O chefe da comissão disse ainda que o número de pessoas no terceiro andar estava dentro do recomendável. "A gente testou com 12 e não houve problemas, ou seja, oito estava dentro do limite. A Berg tem que se explicar", afirmou.
Imprensada pelo abre-alas da Tuiuti, Cacau o quinto metatarso, um osso do pé, e teve várias fissuras pelo corpo. Além disso, ela também está com problemas nos ligamentos do braço. "Só posso fazer o exame mais aprofundado daqui a três semanas, pois os nervos e os músculos ainda estão inchados", afirmou.
De acordo com a delegada Maria Aparecia Mallet, a investigação da Paraíso do Tuiuti é mais fácil de ser elucidada. "Foi mais falha humana", declarou ela. "Já o caso da Unidos da Tijuca é mais complexo, pois é uma questão muito técnica", completou a delegada. Segundo informações da polícia, até o momento o laudo da escola de samba da Tijuca já conta com 10 páginas.
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento