Local onde chefe de cozinha foi baleado ao proteger o filho - Reprodução / Internet (Arquivo)
Local onde chefe de cozinha foi baleado ao proteger o filhoReprodução / Internet (Arquivo)
Por RAIMUNDO AQUINO e Rafael Nascimento

Rio - Um homem foi baleado com um tiro no rosto durante uma tentativa de assalto próximo ao Café e Bar Ondina, no Rio Comprido, por volta das 21h desta quarta-feira. De acordo com uma testemunha que preferiu não se identificar, Francisco Vilamar Peres, 49 anos, estava com a esposa e o filho quando o assalto foi anunciado. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Municipal Souza Aguiar, mas não resistiu. 

"O cara foi pegar o telefone da mão do filho dele e ele reagiu", conta a testemunha, dizendo que diante da reação, o bandido tentou atirar. "Na primeira tentativa, a arma falhou. Na segunda, acertou o rosto dele".

A autônoma Conceição Veras dos Santos, antes de saber que o marido havia sido morto, contou como foi o crime. “Estávamos sentados na mesa — eu, meu filho é meu esposo. O meu filho estava brincando com um jogo no celular e, de repente, chegou o bandido e apontou a arma para a cabeça do meu filho. Ele disse: 'passa o celular pra cá. Se você não me der eu atiro em você'. Nisso, o meu esposo reagiu partindo para cima e o bandido atirou no meu esposo”, lembrou.

Após a vítima ser baleada, outros clientes do bar correram para pedir ajuda até que uma viatura policial passou na região. O homem foi colocado dentro do carro e levado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, onde chegou em estado grave. Os familiares da vítima contam que o socorro precisou ser feito pela polícia porque "o Corpo de Bombeiros e o Samu estavam demorando muito”. 

Francisco Vilamar Peres - Reprodução Internet

Conceição conta que, ainda no bar, tentou ajudar o marido e estancar o seu sangramento enquanto o socorro não chegava: "Eu socorri o meu marido. Fui lá e tentei não deixar ele morrer. O meu marido ficou agonizando e eu tentei reanima-lo e não deixar o sangue sair", lembra. 

A direção da unidade informou que Francisco deu entrada com as vias aéreas obstruídas por conta da grande quantidade de sangue. Ele foi imediatamente atendido pela cirurgia geral, conforme estabelece o protocolo de atendimento, para a estabilização de seu quadro clínico, que era gravíssimo. 

Ainda segundo a unidade, o paciente foi entubado e todos os procedimentos indicados foram realizados, porém ele sofreu uma parada cardiorrespiratória. As manobras de ressuscitação foram tentadas, sem sucesso, e o óbito foi constatado à 1h24. Todo o atendimento foi feito na Sala de Trauma, ambiente da Emergência adequado para esses procedimentos e onde o paciente é permanentemente assistido.

Ainda durante a madrugada, a mulher de Francisco fez um desabafo. "A gente pensa que nunca vai acontecer com a família da gente. Mas, um dia a violência chega até nós. Essa violência é um absurdo. As autoridades que estão lá em cima poderiam ver mais por nós que estamos aqui embaixo. Afinal de contas, eles estão lá porque nós votamos e colocamos eles lá", declarou. 

Francisco era pai de outros cinco filhos e trabalhava como chefe de cozinha de uma empresa terceirizada, prestando serviço para um clube militar. Ainda não não há informações sobre velório e sepultamento da vítima. 

Maria Helena de Almeida, 66 anos, técnica de enfermagem, conta que não é a primeira vez que casos como o de Francisco acontecem no local, e ainda denunciou a falta de policiamento na região: 

"Não é a primeira vez que casos como esse acontecem no bairro. Os criminosos estão matando a qualquer hora. A gente não se sente segurança porque não tem. Não tem ninguém para resolver esse problema. A solução seria mais policiamento, mas aqui não tem”, diz Maria Helena que é moradora do bairro.

Francisco era conhecido na região pois gostava de beber com amigos e parentes na Praça Condessa Paulo de Frontin. A vítima morava no bairro há anos.

Noite de jogo

O bar onde aconteceu o crime fica em uma região de lazer de Rio Comprido, na altura da Praça Condessa Paulo de Frontin. O local estava cheio porque muitas pessoas assistiam ao jogo do Flamengo contra o Corinthians pela semifinal da Copa do Brasil.

"Eu estava parada dentro do ônibus na hora do assalto, quando começou o tiro. Um desespero total, todo mundo se jogando no chão do ônibus e o motorista saiu correndo. Coitado do moço. Vi que estavam assistindo ao jogo", uma pessoa que passava pelo local comentou nas redes sociais.

Uma outra testemunha, que estava do outro lado da rua no momento do crime, contou ao jornal O DIA que a esposa e o filho de Francisco estavam participando de um churrasco de amigos, que acontecia na frente deste bar. A vítima, que mora naquela região, foi até o local para encontrar a família. Após um tempo, o assalto foi anunciado. 

Esta testemunha, que não quis se identificar, ainda contou que os assaltantes fugiram a pé depois do crime. 

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