Rio - Policiais civis da 16ª DP (Barra da Tijuca) e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) fazem, nesta quinta-feira, uma operação para prender os responsáveis pela construção dos prédios que desabaram na Muzema, na Zona Oeste do Rio. A ação pretende cumprir quatro mandados de prisão e vários de busca e apreensão, dentre eles contra os milicianos José Bezerra de Lima, conhecido como Zé do Rolo, Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa, que já estavam sendo procurados.
Ao todos, 20 locais são alvos da operação, dentre eles endereços na Paraíba e Pernambuco, para onde teriam fugido três procurados na ação. No Rio, além da Muzema, os agentes também estão em locais das zonas Sul e Norte e Baixada Fluminense. Os investigadores querem saber se há participação de outras pessoas que tentam atrapalhar as investigações.
"Hoje, estamos cumprindo vários mandados de busca e apreensão e estamos apurando vários locais onde poderiam estar os foragidos. Na associação de moradores encontramos vários papeis e apreendemos computadores, mídias e tudo que achamos que interessa na investigação", conta a titular da 16ª DP, a delegada Adriana Belém.
Por volta das 12h20, um homem — que ainda não teve a identidade revelada — chegou à 16ª DP conduzido por policiais. O homem irá prestar depoimento sobre o caso dos prédios que desabaram. Ainda não há informações se ele estaria ou não ligado aos milicianos.
Belém diz que varias pessoas já prestaram depoimento na delegacia. De acordo com ela, só na semana passada, foram ouvidas cerca de 10 pessoas, dentre elas, vítimas, moradores e presidentes de associações.
"Ao todo, aproximadamente 30 pessoas foram à delegacia. As investigações seguem e estamos em contato permanente com a Draco e delegacias de outros estados. Vamos continuar nas investigações até que todos os envolvidos sejam presos".
A Polícia Civil investiga ainda se edifícios em outras áreas da cidade e também em estados do Nordeste — como Pernambuco e Paraíba — foram construídos pelo grupo, que é comandado pelo major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, preso no início do ano na operação Os Intocáveis.
No início da manhã, os agentes estiveram na Associação de Moradores da Muzema para cumprir um dos mandados. Marcelo Diniz Anastácio da Silva, presidente da associação e que já foi ouvido duas vezes no inquérito, acompanhou os trabalhos do policiais.
Perguntado se via a operação como perseguição, ele disse que "estava tranquilo e que a autoridade policial estava fazendo seu trabalho", dizendo confiar na Justiça.
O desabamento na Muzema aconteceu no dia 12 de abril e deixou 24 mortos e sete feridos. As construções na região são irregulares e ficam dentro de uma área de proteção ambiental.
O trabalho de busca por sobreviventes durou mais de uma semana, envolvendo mais de 100 agentes. Após os trabalhos de buscas, a prefeitura iniciou a demolição de outros prédios próximos aos que desabaram.
A Justiça aceitou pedido do Ministério Público estadual (MPRJ) proibindo novas construções na região.