Mortes provocadas por policiais do Rio é a maior dos últimos 21 anos
De janeiro a março deste ano, as polícias Militar e Civil mataram quase cinco pessoas por dia
Neste ano, são quase cinco mortes ao diaReginaldo Pimenta / Ageêcia O Dia
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - As polícias Militar e Civil mataram 434 pessoas de janeiro a março deste ano, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). Foram quase cinco (4,82) mortos por dia, recorde para o período na série estatística de 21 anos, iniciada em 1998. As mortes continuam no trimestre em curso.
Só em quatro dias de maio, da sexta, dia 3, à segunda-feira, dia 6, pelo menos 13 pessoas morreram por ação policial: quatro no Morro do Borel (Zona Norte), uma na Rocinha (Zona Sul) e oito nas favelas do Complexo da Maré (Zona Norte).
"Nós já vínhamos numa crescente, especialmente no ano passado, a partir da intervenção federal chefiada pelos militares", diz o sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análises da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV/Uerj). "Agora, com a nova política de extermínio oficializada pelo governo Witzel, o que caberia esperar era justamente isso. O contrário seria uma grande surpresa."
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O aumento foi de 18% sobre o primeiro trimestre de 2018, quando houve 368 mortos em supostos confrontos.
A política de confronto também vitima os policiais. Em 2019, até a última quinta-feira, segundo a PM, 18 policiais da corporação haviam sido mortos - 3 em serviço, 11 de folga e 4 reformados.
Com policiais armados da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) da Polícia Civil - mesma unidade que agiu na Maré -, ostentando fuzis e com um helicóptero ao fundo, Witzel anunciou que ia "botar fim na bandidagem". "Acabou a bagunça", bradou. Depois, contou estar "sobrevoando uma das áreas mais perigosas" do município.
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Para a antropóloga e cientista política Jacqueline Muniz o envolvimento de Witzel em ações policiais é ilegal. "Ele dispõe de poder político-administrativo, não de poder de polícia. Ele tem de determinar a política de segurança, as estratégias, as prioridades. Toda brincadeira que ele faz como policial esbarra na ilegalidade e no abuso de poder".