Geral - Demoliçao de predio em Rio das PedrasReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Por Jenifer Alves
Rio - A doméstica Maria das Graças, de 37 anos, morava em um dos pavimentos que começou a ser demolido em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira. Ela e seus dois filhos, de 2 e 14 anos, viviam no prédio há um mês, mas a profissional mora na comunidade há cerca de onze anos. Agora, ela tenta encontrar outro lugar para ir com os meninos. "A gente fica desesperada com uma situação dessas, eu vi as rachaduras, minha parede estava toda rachada então eu já ia sair, mas a Defesa Civil deu uma hora para pegar as coisas dentro da casa e não consegui tirar tudo. Meus filhos estão na casa de parentes desde sexta-feira", conta.
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Prédio foi interditado para demolição de dois pavimentos Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia
Prédio foi interditado para demolição de dois pavimentos Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia
Prédio foi interditado para demolição de dois pavimentos Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia
Maria das Graças morava no prédio com seus dois filhos Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia
Prédio foi interditado para demolição de dois pavimentos Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia
Prédio foi interditado para demolição de dois pavimentos Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia
Um dos locatários do imóvel informou que a fundação do prédio tem mais de 30 anos. Segundo Francisco Eudes Mendes, de 48, o local foi comprado pela cunhada. Nesta quinta-feira, moradores ouviram estalos na construção e acionaram a Prefeitura, que condenou dois pavimentos do edifício, o 3º e o 4º andares.

“A gente comprou e achamos que estávamos fazendo um bom negócio, para melhorar a vida, fazer um dinheiro extra, e agora deu esse problema. Vou ficar no prejuízo, mas tem que agradecer a Deus que não vai ter um problema maior e quem estava lá conseguiu sair”, explicou. 

A subprefeita de Jacarepaguá, Talita Galhardo, disse que a maioria das construções na região são irregulares e, algumas tem mais de 40 anos. Ela explica que técnicos da Defesa Civil seguem recebendo denúncias de imóveis com a estrutura comprometida e que as construções de andares a mais, sem licença e sem permissão, é uma prática comum na região.

“O prédio com certeza é irregular, os técnicos já falaram isso. Não teve licença de obra, não teve nada. O imóvel do lado está fazendo o 4º e o 5º andar. A Defesa Civil está recebendo muitas denúncias, os locais estão sendo vistoriados e o que a gente pode fazer é pedir para as pararem de construir e é isso que estamos fazendo agora”, explica. Segundo Talita, após as intervenções da Defesa Civil, os moradores do primeiro e do segundo andares poderão retornar as suas casas.
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Questionada se a construção do prédio teve envolvimento da milícia, a Secretaria de Conservação informou que os grupos paramilitares são uma questão de segurança pública e devem ser investigadas pelas autoridades competentes.
Anna Laura Valente, secretária de conservação disse que o prédio está sendo escorado para realizar a demolição dos andares sem que afete as construções no entorno.
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"As equipes da conservação estão aqui desde cedo fazendo o escoramento do prédio. Como os dois últimos andares vão ser derrubados, nós precisamos escorar para que não cause maiores problemas. A área foi isolada porque vai ser feito um trabalho de demolição, apesar de ser manual, para não colocar ninguém em risco. 
'Não construa senão vão tomar prejuízo', diz Paes
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Durante a coletiva do 23º boletim epidemiológico da cidade do Rio, realizado nesta sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes afirmou que os imóveis no entorno do prédio que caiu na última quinta-feira (03) serão demolidos.
"Estamos agindo de maneira muito firme desde o início do mandato no sentido de coibir novas ocupações então, não construa ou senão vão tomar prejuízo", disse
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Paes também citou um grupo criado em janeiro, sob a coordenação da Secretaria de Planejamento Urbano voltado à melhorias habitacionais em que o objetivo é atuar nas construções existentes e levar desenvolvimento sanitário, de ajuste físico e estrutural. 
No último da 3, duas pessoas da mesma família morreram soterradas em um desabamento, em Rio das Pedras. As vítimas, Nathan Souza Gomes, de 29 anos, e sua filha, Maitê Gomes, de apenas 2 anos foram enterrados na última sexta-feira. Outras quatro pessoas ficaram feridas, entre elas Maria Quiara, mãe da bebê. Ela segue internada em estado grave no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul do Rio.
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A Polícia Civil montou uma força-tarefa reunindo a 16ª DP (Barra da Tijuca), a 32ª DP (Taquara), a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO) para apurar as circunstâncias do desabamento. Segundo informações iniciais obtidas pela Polícia Civil, o imóvel que desabou era antigo e foi construído pelo antigo dono, um comerciante local, há mais de 20 anos, e sua construção não teria ligação com a milícia.