Casal é impedido de tomar vacina por vestir camisa contra BolsonaroReprodução Twitter

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Rachel Siston
Rio - Um casal de professores foi impedido de tomar a segunda dose da vacina contra a covid-19 no quartel do Corpo de Bombeiros da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, nesta segunda-feira (12), por estarem vestindo camisas com manifestações contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.
O professor de história, Luiz Carlos, de 61 anos, e sua esposa, a professora aposentada Dirlene Barros de Oliveira, também de 61, estavam na fila para identificação no posto dos bombeiros que fica na Avenida Ayrton Senna, quando foram abordados por um soldado, que informou que, por ordem do comando, eles não poderiam ser imunizados com manifestações contra o governo Bolsonaro.
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"De acordo com o soldado bombeiro que nos comunicou sobre a ordem, que foi muito gentil e educado, a determinação do comando é essa. Há um medo evidente entre os soldados bombeiros envolvidos no processo de vacinação daquela Corporação. As ameaças de inquérito e prisões contra aqueles que descumprirem a ordem devem ser muito enfatizadas pelo comando”, declarou o professor.
Luiz Carlos conta que quando eles tomaram a primeira dose da vacina, em 21 de abril, no mesmo local, não houve nenhum problema. Para não deixar de completar o esquema vacinal, ele vestiu a camisa do avesso e Dirlene, que estava com outra por baixo, tirou a dela.
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As camisas tinham a frase "A segunda dose da vacina nos livra da covid-19. O que nos livrará dos Bolsovírus será o impeachment ou o seu voto em 2022". Para o professor, o impedimento o fez sentir como se ele não tivesse direito garantido de se manifestar. "Nos sentimos cerceados em nosso direito à liberdade de expressão e como se estivéssemos retornando aos anos de chumbo", lamentou ele.
O caso viralizou nas redes sociais, depois de ter sido publicado por uma conhecida do casal. A publicação feita na tarde desta segunda, conta, até o momento, com 2.238 compartilhamentos, 468 comentários e 8.075 curtidas. Procurado, o Corpo de Bombeiros ainda não se manifestou sobre o caso. 
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Procurado pelo O DIA, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros (CBMERJ), coronel Leandro Monteiro, esclareceu que é a favor da liberdade de expressão e garantiu que o fato ocorrido no Grupamento de Busca e Salvamento (GBS), na Barra da Tijuca, foi isolado. A corporação vai abrir uma sindicância para apurar os fatos. Confira a nota na íntegra:
"O secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), coronel Leandro Monteiro, esclarece que é a favor da liberdade de expressão e garante que o fato ocorrido no Grupamento de Busca e Salvamento (GBS), na Barra da Tijuca, foi isolado. Informa ainda que a corporação vai abrir uma sindicância para apurar os fatos.
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O CBMERJ lamenta o ocorrido e reitera que não existe uma determinação oficial do comando da corporação que proíba este tipo de manifestação por parte de civis em nenhum dos quartéis que abriram as portas para a vacinação.
O Corpo de Bombeiros RJ reforça a importância da imunização contra a Covid-19 e informa que já vacinou mais de 78 mil cidadãos fluminenses. Desde o dia 18 de março, a corporação disponibilizou três unidades em apoio à campanha de enfrentamento à pandemia".