Arquivo - Município do Rio alcança 70% da população carioca vacinada com a primeira dose. Na foto, Terezinha da Conceição, 80, foi a primeira a receber a injeção do imunizante na cidadeDaniel Castelo Branco

Rio - Com uma das campanhas de vacinação mais aceleradas do Brasil, o Rio de Janeiro alcançou nesta quarta-feira (21) a marca de 70% da população carioca maior de idade imunizada com a primeira dose ou dose única. Foram seis meses desde que a primeira injeção foi aplicada no Cristo Redentor, no dia 18 de janeiro. Durante todo este período, os cariocas seguem sendo uma das populações que mais apoiaram a campanha de vacinação contra a covid-19 no mundo. A avaliação é do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, que ressaltou a importância da adesão dos idosos e da população em geral para a redução dos índices epidemiológicos na cidade.

No município do Rio de Janeiro, a adesão da população idosa ultrapassou a marca de 90% para as duas doses da vacina. O resultado foi imprescindível para reduzir o número de mortes na cidade.

“O resultado dessa cobertura acontece em função dos cariocas acreditarem na vacina. As nossas instituições e a imprensa estimularam a população a se proteger, então essa adesão é muito alta. Se for comparar com outros países onde há oferta de doses, a diferença é muito grande. Em Toronto, no Canadá, a adesão é de 79%, em Berlim, na Alemanha, 72%. Paris, na França, e Nova Iorque, nos EUA, estão com 69%. Não há uma adesão tão forte da população no grupo acima de 60 anos como a gente está tendo”, afirmou o secretário Daniel Soranz.

No total, o município do Rio imunizou os cariocas com aproximadamente 50% de todas as vacinas disponibilizadas pelo Governo do Estado. Foram 5,04 milhões de doses na capital, sendo 3,55 milhões para a primeira aplicação e 1,34 na segunda, além de 135 mil doses únicas.

Para a cobertura com a segunda dose, a cidade tem 28,1%. Com o resultado, Soranz afirmou que o Rio de Janeiro passa a ver outro panorama no cenário epidemiológico. “Os efeitos da vacina já estão aparecendo, há quatro semanas temos uma redução sustentada no número de casos, óbitos e internações, o que representa efeitos claros da vacinação”, explicou.

Cenário ainda é de atenção

Uma comparação feita pelo DIA entre os dados epidemiológicos desta quarta-feira com os últimos 70 dias mostrou que o Rio de Janeiro teve uma queda considerável, em torno de 50%, nos índices de monitoramento da pandemia. A maior redução foi no número de casos diários registrados da covid-19, que teve queda de 73,58%.

Outros índices também diminuíram comparando as datas, entre eles, um dos principais é a redução dos óbitos, com queda de 47,92%. No dia 11 de maio, a média móvel da semana estava em 96 mortes, contra 50 no registro de terça-feira (20). Os casos graves de covid-19 e internações nos leitos de UTI também reduziram em 47,5%. São 328 pessoas internadas atualmente. Em maio a rede hospitalar chegou a atender 728 pacientes.

Apesar dos resultados, a covid-19 continua circulando entre os cariocas. Em menos de um mês, 23 pessoas se contaminaram com a variante Delta no município do Rio. A cepa proveniente da Índia é considerada mais transmissível e pode oferecer o risco da cidade voltar a ter aumento no número de casos e internações. Contudo, Daniel Soranz disse que o problema não acontece até o momento.

“A vacinação está funcionando e reduzindo a internação e o óbito, inclusive com a chegada da variante Delta. Não tivemos a predominância de casos graves e óbitos mesmo com a entrada desta cepa. Esperamos que isso continue acontecendo e que cada vez mais os efeitos da vacina possam aparecer”, afirmou o secretário de Saúde.

Seguindo as medidas de proteção à vida e orientações a respeito do distanciamento social, Soranz deixou um recado aos cariocas: “Precisamos ter otimismo e esperança, isso que vai mover a gente para sair dessa fase tão triste e de luto que estamos vivendo na cidade. A vacinação é um momento da gente comemorar e planejar o futuro”.
O otimismo, porém, não pode deixar de ser acompanhado da responsabilidade, e mesmo as pessoas que já vacinadas não devem relaxar nos cuidados. Questionada pelo DIA, a infectologista Tânia Vergara, presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, explicou que o município conseguiu um avanço acima da média na campanha de imunização, mas a cidade segue vivendo um momento de atenção e as medidas de proteção ainda devem ser mantidas.

“Ainda é cedo para falar sobre relaxamento de medidas. Os países que flexibilizaram as regras de proteção por conta das taxas altas de vacinação sofreram com o aumento no número de casos, então é importante que isso seja discutido. A variante Delta é super transmissível, esta cepa conseguiu penetrar a população de países com altas taxas de proteção, com a diferença que, como as pessoas foram protegidas, o que foi verificado é uma pouca quantidade de casos graves. O cenário é perigoso, mas se as pessoas comparecerem para se imunizar, conseguimos reduzir consideravelmente o risco”, afirmou.

Desafios que precisam ser enfrentados

A vacinação contra a covid-19 no Rio permitiu que a cidade tenha tido resultados positivos no combate à pandemia, contudo, existem ações que podem ser aperfeiçoadas para garantir uma campanha ainda mais acelerada na capital fluminense. Soranz ponderou que uma questão fundamental é estreitar o alinhamento entre o Ministério da Saúde e a prefeitura do Rio, para que os imunizantes sejam entregues de forma mais rápida por parte do governo federal.

“O ideal é que essas vacinas fossem entregues em 24 horas assim que estivessem disponíveis. A gente tem discutido e pedido muito ao Ministério da Saúde que logo no momento em que se receba as vacinas, distribua. Com a Fiocruz a distribuição já acontece no mesmo dia em que a dose fica pronta. A gente espera que com a Pfizer, CoronaVac e Janssen, possa acontecer a mesma coisa. Isso vai facilitar a campanha para conseguirmos cumprir o calendário”, explicou.

Tânia Vergara também apontou que a oferta de vacinas para gestantes e puérperas pode melhorar. Para a infectologista, as grávidas têm tido maior dificuldade em encontrar doses disponíveis do que a população em geral.
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Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno