Governador Cláudio CastroEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Castro torna sem efeito nomeação de Poubel e delegado Fernando Veloso assume a Seap
Poubel vai assumir o Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase)
Rio - O Governador do Rio, Cláudio Castro, tornou sem efeito, nesta sexta-feira, a nomeação do delegado de Polícia Federal Victor Poubel para o comando da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Para o seu lugar, Castro indicou o delegado da Polícia Civil Fernando Veloso, que já foi chefe da Polícia Civil do Rio (PCERJ), atuou como delegado em distritais e especializadas, além de subchefe operacional da PCERJ. Poubel, que havia sido nomeado após a prisão do então secretário Raphael Montenegro, vai assumir o Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).
Na terça-feira (17), a Polícia Federal prendeu Raphael Montenegro. Além dele, Wellington Nunes da Silva e Sandro Farias Gimenes, subsecretários da Seap, também foram presos na 'Operação Simonia', que visava desarticular um esquema criminoso que agia dentro da Seap com lideranças de facções criminosas.
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A investigação da PF, desenvolvida em conjunto com o Ministério Público Federal e o Departamento Penitenciário Federal (DEPEN), demonstrou que havia dentro da Seap um esquema de "negociações espúrias entre a cúpula e lideranças" do Comando Vermelho. Agentes públicos viabilizavam o retorno de criminosos presos em Catanduvas (PR) para o estado do Rio, e franqueavam a entrada de visitas e itens proibidos em unidades prisionais. Também houve facilitação de soltura: em julho, O DIA denunciou com exclusividade que um integrante da cúpula do Comando Vermelho deixou a cadeia pela porta da frente, com um mandado de prisão ativo.
Ex-secretário deu parecer favorável para transferir traficante de Catanduvas para o Rio
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O documento que compõe a decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) pela prisão de Raphael Montenegro mostra que o então secretário opinou a favor da transferência do traficante Tineném de Catanduvas para o Rio. Montenegro "foi o único, com a exceção da própria defesa do apenado, a se manifestar favoravelmente".
Montenegro responde por falsidade ideológica por conta da situação de Tineném. O motivo é que, na manifestação favorável pela transferência, o então secretário mencionou que a pena de Tineném era de 20 anos de reclusão. Mas "há elementos objetivos", segundo a PF, que apontam para um somatório de penas que passa dos 60 anos de prisão - Tineném responde por homicídio qualificado e tentativa de homicídio (sete vezes).
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Na manifestação, o ex-secretário escreveu que "percebe-se que o nacional Rodrigo da Silva Rodrigues, na maior parte do tempo, pareceu dizer a verdade; sendo certo que na data de hoje não existem indícios de que exerça qualquer posição de liderança na facção criminosa".
Tineném, apelido de Rodrigo da Silva Rodrigues, liderava o tráfico no Complexo do Caramujo, em Niterói, e foi condenado pela morte de um cabo da PM em setembro de 2014.
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O ex-secretário da Seap também conversou com outras lideranças do Comando Vermelho dentro de presídios. A lista inclui Fabiano Atanásio da Silva, o FB, Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, Luiz Cláudio Machado, o Marreta, e Carlos Eduardo Rocha Freite, o Cadu Playboy — líder do tráfico do Comando Vermelho na Região dos Lagos. Mas Raphael não conversou apenas com integrantes da facção de 'Marcinho VP', ele também agendou uma visita a Carlos José da Silva Fernandes, o Arafat.
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