Luiz Carlos dos Reis Príncipe Júnior e Clébia Conserva Barros Gondim são presos durante Operação Blood MoneyMARCOS PORTO/AGÊNCIA O DIA

Rio - Seis alvos de mandados de prisão na operação Blood Money, desencadeada nesta quinta-feira (23) pela 18ª DP (Praça da Bandeira), figuram como réus por envolvimento com a milícia comandada por Adriano da Nóbrega, o Capitão Adriano, morto em 2020 durante operação da polícia na Bahia. Gerardo Alves Mascarenhas, Manoel de Brito Batista, Daniel Alves de Souza, Júlio Cesar Veloso Serra, Benedito Aurélio Ferreira Carvalho e Laerte Silva de Lima estão entre os 12 (além de Adriano, já morto) denunciados na Operação Intocáveis I, por grilagem de terras, negociações de imóveis ilegais, extorsão e homicídios nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema.
Além de Adriano da Nóbrega, são apontados como líderes de milícias na região Maurício Silva da Costa, o Maurição, tenente reformado da PM, e Ronald Paulo Alves, o Major Ronald, também policial. Quatro dos 13 réus seriam julgados no último dia 26 de agosto, mas o julgamento foi adiado porque a defesa se insurgiu durante a exposição de provas pelos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ).
A operação desta quinta prendeu 15 pessoas, dos 23 mandados de prisão temporária contra suspeitos de lavarem o dinheiro da milícia que domina a região. A lavagem de dinheiro acontecia principalmente através do ramo de construção, mas até investimentos em moedas digitais eram usados para transformar os recursos ilícitos em lícitos.
Dois alvos, Luiz Carlos dos Reis Príncipe Júnior e Clébia Conserva Barros Gondim, são donos de uma construtora que tinha imóveis no mesmo condomínio que desabou na Muzema, em abril de 2019, vitimando 24 pessoas. Laerte Silva de Lima, um dos denunciados e presos na Operação Intocáveis I, movimentou quase R$ 900 mil em pouco mais de um ano, movimentação atípica que despertou as atenções durante as investigações da 18ª DP. Outro, Francisco Chagas de Brito, movimentou R$ 7,5 milhões. Ele afirma ter emprego formal como encarregado de obras, com salário de R$ 4 mil. Laerte e a ex-esposa, Erileide Barbosa, se filiaram ao PSOL em 2017, um ano antes da morte da ex-vereadora Marielle Franco.
A Polícia Civil pediu o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras que chegam ao valor de R$ 8,3 milhões.
"Eles eram os proprietários de uma construtora que atuava na Muzema e no Rio das Pedras, e que construíram apartamentos no mesmo condomínio que desabou em 2019. Foram apreendidos veículos, documentos, celulares. A gente já sabia que uma das técnicas pra lavar esse dinheiro seria a compra de criptomoedas, de joias, bens e imóveis", afirmou o delegado Moysés Santana, em entrevista ao 'Bom Dia Rio'.
Os mandados foram expedidos para Luiz Carlos dos Reis Príncipe Júnior, Clébia Conserva Barros Gondim, Leôncio Teixeira Miranda, Anderson de Assumpção Varela, Patrick Muniz Pereira, Maykel Muniz Pereira, Gerardo Alves Mascarenhas, Antônia Cardoso Almeida, Manoel de Brito Batista, Maria José de Souza, Júlio César Veloso Serra, Wanderson Ferreira Serra, Daniel Alves de Souza, Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, Bruno Pupe Cancella, Isamar Moura, Adginaldo dos Santos, Cíntia Bernardo da Silva, Rafael Gomes da Costa, José Bezerra de Lira, Juscelino Sales da Silva, Francisco Chagas da Silva e Laerte Silva de Lima.