Trem da Supervia é acompanhado por agente de segurança da concessionáriaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O reajuste tarifário das passagens de trens no Estado do Rio de Janeiro pode chegar a R$ 7 a partir do dia 2 de fevereiro deste ano. A decisão foi homologada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) na última segunda-feira (3). Na decisão, a Agetransp também determinou que a SuperVia mantenha as negociações com o Estado do Rio para a readequação do contrato de concessão e possível redução do valor da passagem até fevereiro.
O reajuste tarifário é realizado anualmente, com base na inflação medida pelo índice IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, conforme previsto no contrato de concessão. Na última quarta-feira (29), o Estado do Rio já havia informado que estava em negociação com a SuperVia para reduzir esse valor.
Em fevereiro de 2021, os usuários deixaram de pagar R$4,70 e passaram a desembolsar trinta centavos a mais para usar o transporte ferroviário. Em julho, a SuperVia tentou aumentar a tarifa para R$ 5,90, mas o Conselho Diretor da Agetransp decidiu, em sessão regulatória extraordinária, suspender o aumento.
A SuperVia citou que o valor do reajuste em até R$ 7 levou em conta os custos fixos com a operação que foram fortemente impactados pela inflação, como energia, manutenção dos trens e da via férrea, aquisição de peças e equipamentos importados para reposição nos trens, entre outros. A concessionário lembrou ainda o aumento de furtos e vandalismos de materiais ferroviários, o que teria elevado o custo operacional.
"Estamos em tratativas com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para avaliar as medidas possíveis para reduzir os impactos do reajuste aos clientes, preservando as características do Contrato de Concessão e garantindo o equilíbrio econômico financeiro da empresa", disse a concessionário.
O reajuste não foi bem recebido por usuários do transporte. "Isso aqui é revoltante demais. Conheço várias pessoas que precisam pegar trem e ônibus/BRT e os empregadores só pagam a passagem de R$ 4,05. Ou seja, vão tirar R$ 14,00 do próprio bolso diariamente para não perderem seus empregos e usarem um serviço porco"; "Eu tava achando q o aumento da passagem do trem pra 7 reais era fakenews, mas na verdade é só um tapa de mão cheia na cara do trabalhador"; "SETE reais a passagem da supervia que todo trem tem pelo menos 3 portas que nem fecham!!".
Resultado do policiamento intensificado após aumento de furtos
De acordo com a SuperVia, o número de roubos e furtos a usuários diminuiu em 38% nos últimos três meses, e o número de pessoas presas dentro das estações aumentou em 54%. Os dados foram levantados após três meses de atuação do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), do governo estadual, que aumentou o policiamento no sistema de transportes. O número de furtos de cabos, no entanto, segue sendo um problema.
Os policiais vinculados ao Proeis atuam no combate a furtos dentro das estações e contra a evasão de renda, o popular calote - quando pessoas pulam muros e grades, ou acessam a estação de trem através de buracos nos muros. 
SuperVia pediu recuperação judicial
A SuperVia entrou com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em junho do ano passado. As dívidas da empresa somam aproximadamente R$ 1,2 bilhão, grande parte dela acumulada para pagar o custo da operação deficitária durante a pandemia, informou a concessionária.
"A SuperVia foi duramente impactada pelos efeitos da pandemia da covid-19. Desde março de 2020, acumula uma perda financeira de mais R$ 474 milhões, resultado da redução de mais de 102 milhões de passageiros até 2 de junho de 2021", disse a concessionária em nota.
Antes da pandemia, a SuperVia transportava 600 mil passageiros por dia e atualmente, o fluxo diário se estabilizou em 300 mil passageiros por dia. Com o agravamento da pandemia e da crise econômica e social do Rio de Janeiro, a recuperação total do fluxo de passageiros está prevista apenas para 2023.

"A empresa, assim como todo o sistema de passageiros do Rio de Janeiro, não conta com qualquer subsídio do governo e se mantém basicamente com recursos da venda das passagens. As dívidas da empresa somam aproximadamente R$ 1,2 bilhão, grande parte dela acumulada para pagar o custo da operação deficitária durante a pandemia", informou a SuperVia.