Familiares e amigos de Raquel estiveram no Hospital Souza AguiarReprodução TV Globo

Rio - O juiz Sandro Pitthan Espíndola, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, acolheu pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ) e determinou, nesta quinta-feira (21), a adoção de uma série de medidas para garantir a segurança de crianças e adolescentes nos desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. A decisão foi tomada um dia após a menina Raquel Antunes, de 11 anos, ficar gravemente ferida e ter uma das pernas amputadas, em um acidente envolvendo um dos carros alegóricos da agremiação Em Cima da Hora, depois do término do desfile, na área de dispersão.

De acordo com a medida, todas as escolas de samba do Grupo de Acesso, Especial e Mirins terão que fazer a escolta de seus carros alegóricos até os seus barracões, evitando o acesso de crianças e adolescentes aos veículos. O magistrado determinou ainda que a Polícia Militar coloque viaturas nas ruas Frei Caneca com Senhor do Matosinhos, Aníbal Benévolo, Laura de Araújo, Visconde de Pirassununga e Correia Vasques. Além disso, a Guarda Municipal do Rio terá que disponibilizar ao menos dois guardas para circulação a pé, em cada um dos setores indicados.

Ainda segundo a decisão, o Conselho Tutelar do Centro e os agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social de plantão no Carnaval, entre técnicos, educadores e orientadores, deverão abordar os familiares das crianças e adolescentes que se encontrem no entorno do Sambódromo, para os orientar sobre deveres e responsabilidades com relação aos riscos para os filhos no local de dispersão. Os agentes estão também autorizados a aplicar a medida de proteção devida aos jovens menores de 18 anos que estejam no local sem um responsável legal.

Raquel está internada em estado grave no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, e respira com a ajuda de aparelhos no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade de saúde. Na manhã de ontem, ela passou por seis horas de cirurgia. Uma das pernas precisou ser amputada devido às lesões graves. Durante a cirurgia, a menina teve uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada. A pastora e amiga da família, Aline da Mota, contou que a criança subiu no carro alegórico enquanto a mãe estava lanchando em uma praça no Estácio, próxima à saída do Sambódromo. O veículo passou em um trecho estreito e as pernas da menina foram imprensadas contra um poste.

Também nesta quinta-feira, o MPRJ disse que as agremiações da Série Ouro que desfilaram na noite de quarta-feira, descumpriram normas de segurança determinadas previamente pela Justiça. De acordo com o órgão, no dia 21 de março, foi enviada uma recomendação para os organizadores do desfile que aponta a necessidade de segurança no momento da concentração e dispersão dos carros alegóricos.
"Providenciar seguranças aos carros alegóricos para evitar que crianças e adolescentes se coloquem em riscos, especialmente, nos momentos de concentração e dispersão das escolas de samba", diz um trecho do documento. Segundo o Corpo de Bombeiros, nenhuma das escolas de samba que desfilaram no primeiro dia tinha regularizado os carros alegóricos.
Das agremiações que desfilaram nesta quinta, apenas quatro haviam entrado com pedido de regularização dos carros. Ao DIA, a corporação informou que um ofício foi enviado no dia 12 de abril para a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) para avisar que nenhuma escola de samba da Série Ouro tinha protocolado o requerimento de regularização na Diretoria Geral de Diversões Públicas (DGDP). Além das escolas que desfilam na Marquês de Sapucaí, as escolas dos grupos B, C e D, cujo cortejo acontece na Avenida Intendente Magalhães, na Zona Norte do Rio, também não protocolaram a regularização dos carros alegóricos.