Megaoperação na Vila Cruzeiro foi considerada a segunda mais letal do RioReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - O governador do Rio, Cláudio Castro, se reúne com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, nesta quarta-feira (1º), para discutir pontos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 635). O encontro acontece às 16h15, no Salão Branco do STF, em Brasília. Conhecida como ADPF das Favelas, ela é válida desde agosto de 2020 e restringe operações policiais em comunidades do estado, enquanto durar a pandemia de covid-19.
No encontro, deve ser apresentado o que tem sido feito pelo governo para reduzir a letalidade policial em operações. Um plano elaborado pelo governo do Estado foi publicado em março deste ano e lista medidas como o uso de câmeras no uniforme de policiais; acompanhamento psicológico do policial e a utilização de helicóptero em casos excepcionais. A reunião acontece uma semana depois de 23 pessoas terem morrido na segunda operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.

A ação da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com apoio da Polícia Federal, na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte, na última terça-feira (24), estava sendo planejada há meses e foi deflagrada para impedir a migração de traficantes para a Rocinha. Os policiais ainda pretendiam prender lideranças da facção criminosa Comando Vermelho e de outros estados do país como Alagoas, Bahia e Pará, que se escondem na comunidade.

Nesta segunda-feira (30), Castro voltou a comentar sobre a operação, na solenidade de início do uso de câmeras nos uniformes da PM, argumentando que a apreensão de 13 fuzis e outras armas já justificariam a ação policial. O governador afirmou que a ação na Vila Cruzeiro seguiu todas as regras necessárias para acontecer, cumpriu a ADPF das Favelas e comunicou a realização ao Ministério Público do Rio (MPRJ).

A operação do dia 23 fica atrás somente da que ocorreu em 7 de maio de 2021, na favela do Jacarezinho, também na Zona Norte. A ação terminou com 28 mortos, entre eles um policial civil. Segundo as investigações, os demais mortos eram criminosos. No último dia 11, a Polícia Civil retirou uma placa de concreto com os nomes dos mortos com a justificativa de se tratar de apologia ao tráfico de drogas. O memorial, colocado por movimentos sociais, não tinha autorização da prefeitura para ser construído em via pública e tinha o nome do agente André Frias.