Material apreendido na operação sendo levado pela períciaMarcos Porto/Agência O Dia
Na ação, um bingo clandestino foi fechado em uma casa de luxo em São Conrado, conhecida como Mansão São Conrado Las Veras. No local, máquinas do jogo do bicho e 79 máquinas caça-níqueis foram apreendidas em um dos cômodos da residência e, em uma delas, os agentes encontraram mais de R$ 4 milhões. Os agentes ainda apuram se o valor era do faturamento total da máquina. Ainda foram encontrados e levados para apurações chips telefônicos, documentos, aparelhos celulares e computadores.
As sete pessoas, apontadas como apostadores, estavam na casa desde a madrugada e foram levadas para a 15ª DP (Gávea) para prestar esclarecimentos.
As novas apurações mostram também que servidores da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro (Seap), que administra a unidade prisional em que estão Rogério e Gustavo, estavam na folha de pagamento do grupo, recebendo mensalmente valores em troca de favores aos pagadores e de outros comparsas detidos em penitenciárias do Estado.
Entenda a Operação Calígula
A Operação Calígula teve início em 10 de maio deste ano, com 36 mandados de busca e apreensão no estado, que miraram organização criminosa relacionada ao Jogo do Bicho. Entre os alvos estavam Rogério de Andrade, já apontado como um dos líderes; policiais militares, entre eles quatro oficiais; e policiais civis, sendo dois delegados: Adriana Belém e Marcos Cipriano. Estabelecimentos comerciais, restaurantes e imobiliárias também foram palco das buscas, suspeitos de lavagem de dinheiro.
Adriana Belém foi presa após agentes encontrarem R$ 1.765.300 em espécie sacolas de grife em seu apartamento, em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca. Adriana chegou ao presídio em Benfica, no dia 11 de maio, utilizando um tênis da marca de luxo Gucci e um óculos da também luxuosa Versace.
No mesmo dia, a Prefeitura do Rio exonerou a delegada do cargo de assessora da Secretaria Municipal de Esportes do Rio de Janeiro.
Ligação entre Rogério de Andrade e Ronnie Lessa, ex-PM preso acusado de matar Marielle Franco
Segundo investigações do MPRJ, o grupo criminoso de Rogério Andrade e seu filho Gustavo tem como membro Ronnie Lessa, preso no Presídio Federal de Campo Grande pela execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
A parceria entre Rogério de Andrade e Ronnie Lessa é apontada nas denúncias como antiga, havendo elementos de prova de sua existência ao menos desde 2009, quando Ronnie perdeu uma perna em atentado à bomba que explodiu seu carro. Ele já atuava como segurança do contraventor. Em 2018, ano da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, os dois denunciados se reaproximaram e abriram uma casa de apostas no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca. Segundo os investigadores, elementos indicavam a previsão de inauguração de outras casas na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O bingo financiado por Rogério de Andrade e administrado por Ronnie Lessa, Gustavo de Andrade e outros comparsas foi fechado pela Polícia Militar no dia de sua inauguração. No entanto, as máquinas apreendidas foram liberadas e a casa foi reaberta após atos de corrupção com policiais civis e militares.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.