A prisão cautelar de Matheus de Souza Cardoso foi mantidaDivulgação

Rio – Matheus de Souza Cardoso, acusado de matar Luiz Henrique Lima a facadas na parada LGBTQIA+ em agosto desse ano, vai a júri popular. A sentença foi proferida pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3º Vara Criminal de Niterói, nesta quarta-feira (19). A decisão foi requerida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A data ainda não foi marcada.

De acordo com a decisão da juíza, a escolha pelo Tribunal Popular acontece "quando se convence em admitir a acusação, nitidamente de caráter processual", sendo importante para a "expressão da consciência das pessoas que compõem a sociedade desta comarca".

O julgamento acontecerá em duas fases. A primeira será direcionada para a decisão da pronúncia pelo Júri, através da apresentação de provas e da existência de indícios de autoria, ou seja, a probabilidade de o acusado ser o autor do crime. Na segunda fase, caberá então ao Tribunal Popular decidir se as provas coletadas e apresentadas são suficientes ou não para condenar o réu.

Matheus é acusado de homicídio qualificado por motivo fútil e com dificuldade de defesa da vítima. "Tudo se iniciou com um 'esbarrão' da vítima no denunciado, que provocou a abordagem agressiva de Matheus, e ocasionou agressões mútuas, não havendo desfecho mais grave em virtude da intervenção de Lucas. Posteriormente, entretanto, ao se reencontrarem e reiniciarem a discussão seguida de nova briga, o denunciado agrediu imotivadamente a vítima com várias facadas, conduta eivada ódio, dando causa à morte da vítima", pontuou a juíza em sua decisão.
Matheus permanece em custódia cautelar.
Relembre o caso

Luiz Henrique Lima, de 22 anos, morreu após ser esfaqueado durante o evento da Parada de Orgulho LGBTQIA+, em Niterói, Região Metropolitana, que ocorreu no dia 7 de agosto deste ano. O principal suspeito do crime é Matheus de Souza Cardoso, de 24 anos. Matheus foi preso no dia 10 de outubro por agentes da 54º DP (Belford Roxo). Ele responde por homicídio qualificado.

Na decisão, a juíza da 3ª Vara Criminal de Niterói, Nearis dos Santos Carvalho Arce, entendeu que o crime foi praticado por motivo fútil, originado por um esbarrão. A magistrada escreveu ainda que a vítima não teve direito de defesa.

De acordo com a amiga da vítima, Rafaele Rocha da Silva, Luiz Henrique e o suspeito se esbarraram no evento. A irmã de Luiz Henrique separou os dois, que seguiram em direções opostas. Entretanto, quando se encontraram novamente, o agressor atacou Luiz a facadas. A vítima foi atingida na face e na cabeça. Luiz Henrique chegou a ser socorrido para o Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), mas não resistiu.

Em agosto, um áudio gravado por Matheus Cardoso ajudou a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) nas investigações do crime. Na gravação, enviada para um amigo do suspeito, é possível ouvir a confissão do ataque a facadas. Matheus se refere a Luiz sempre pelo pronome 'ela'. Também se refere a uma terceira pessoa com quem ambos tiveram um relacionamento amoroso como 'falecida': "quando eu dei de cara com 'ela', meu amigo deu um "botadão", 'ela' veio para cima de mim, os amigos vieram para cima. Aí eu dei no olho 'dela', 'ela' caída no chão e eu puxando [o objeto cortante usado no crime]", disse no áudio.