Simone (de óculos) ao lado da filha Rayane dos Santos de Oliveira e da mãe, FlordelisBrunno Dantas/TJRJ
Flordelis é condenada a 50 anos de prisão pela morte do pastor Anderson do Carmo
Ex-deputada federal foi sentenciada por três crimes; Simone dos Santos Rodrigues recebeu uma pena de 31 anos; outros três réus foram inocentados
Rio - Após quase 22h de julgamento neste sábado (12), a ex-deputada federal Flordelis foi condenada a 50 anos e 28 dias de prisão pelo homicídio do pastor Anderson do Carmo, na manhã deste domingo (13). Além dela, sua filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, também foi condenada. Já Rayane dos Santos, neta da ex-parlamentar, e os filhos afetivos Marzy Teixeira e André Luiz de Oliveira foram inocentados.
A pastora foi sentenciada por homicídio triplamente qualificado - motivo torpe, emprego de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima -, tentativa de homicídio duplamente qualificado, uso de documento falso e associação criminosa armada em regime fechado. Simone recebeu uma pena de 31 anos, quatro meses e 20 dias de prisão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada.
A decisão foi da 3ª Vara Criminal de Niterói, depois de sete dias de julgamento em júri popular. O julgamento, presidido pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, teve início na última segunda-feira (7).
O produtor Allan Soares, namorado de Flordelis, chorou muito após a leitura da sentença. Ele acompanhou todo o julgamento ao lado de membros da família da pastora.
Rodrigo Faucz, advogado de defesa de Flordelis e de mais três réus alegou, ao final do julgamento, que vai recorrer à decisão nos tribunais superiores por conta de dois ocorridos durante a sessão.
"O primeiro foi a utilização, pelo Ministério Público, de um documento que não estava no processo, que a defesa não teve acesso. Eles utilizaram de forma argumentativa. E o segundo foi que o assistente de acusação fez menção ao silêncio dos acusados em prejuízo deles, o que tecnicamente é uma nulidade que está prevista no processo penal, que ele não poderia ter feito aquilo", declarou.
Ângelo Máximo, assistente de acusação e advogado da família de Anderson do Carmo, diz que a os parentes da vítima estão satisfeitos com a condenação de Flordelis, a quem nomeia "chefe da organização criminosa" e de Simone.
"Depois de três anos da busca pela justiça, a família [do Anderson] está satisfeita com a condenação da chefe da organização criminosa, pois sem a atuação dela o Anderson do Carmo não teria sido assassinado. Está satisfeita com a condenação da Simone, que tentou ser a protagonista na ação penal, foi quem puxou toda essa corja, essa falsa acusação de estupro em desfavor do Anderson", disse.
Outros condenados
Com as sentenças de Flordelis e Simone, agora são oito réus condenados pela participação na morte do pastor Anderson do Carmo. Os primeiros a serem julgados foram Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da ex-deputada, e Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo.
Os dois foram julgados em novembro de 2021, também no Tribunal do Júri de Niterói. Flávio foi condenado a 33 anos 2 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio triplamente qualificado consumado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada. Ele foi denunciado como autor dos disparos de arma de fogo que provocaram a morte do pastor.
Já Lucas foi sentenciado a nove anos de prisão por homicídio triplamente qualificado em regime inicialmente fechado. Ele foi acusado de ter sido o responsável por adquirir a arma usada no assassinato do pastor.
Em abril deste anos, outros quatro réus foram condenados: o filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, a quatro anos, seis meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto por uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada; o ex-PM Marcos Siqueira Costa, a cinco anos e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado, e sua esposa Andrea Santos Maia, a quatro anos, três meses e dez dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto por crimes de uso de documento ideologicamente falso, duas vezes, e associação criminosa armada, em concurso material; e o filho afetivo de Flordelis Carlos Ubiraci Francisco da Silva, pelo crime de associação criminosa armada a dois anos, dois meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto.
Pouco tempo após a condenação, ainda em abril, a Vara de Execuções Penais do TJRJ concedeu liberdade condicional a Ubiraci.
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