Jorge Vitor tocava surdo na bateria da escola de samba - Arquivo Pessoal
Jorge Vitor tocava surdo na bateria da escola de sambaArquivo Pessoal
Por Jenifer Alves*
Rio - Segundos antes dos criminosos darem início à chacina que tirou a vida de quatro pessoas e deixou 19 feridas neste sábado, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, a esposa do músico Jorge Vitor, morto enquanto se apresentava no bar Rei do Peixe, conseguiu se esconder e salvar a vida do filho do casal, um bebê de apenas seis meses. Um dos criminosos avistou a mulher com a criança no colo e ordenou, através de gestos, que ela se abaixasse antes dos tiros começarem. O pai do bebê ainda tocava com a banda 'Nosso Grupo' quando foi atingido.
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A mulher de Jorge falou ao DIA sobre os momentos de desespero no bar e como tentou salvar o bebê. "Os caras entraram e passaram por mim, o último mandou eu abaixar. Nisso eu abaixei com o bebê entre as minhas pernas. Eu acho que ele avisou porque me viu com uma criança", conta. Segundo ela, o criminoso não falou alto, apenas apontou para a boca e fez sinais para que ela se abaixasse.
Crime aconteceu na noite deste sábado - Luciano Belford / Agência O Dia
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Depois dos tiros a jovem levantou para tentar encontrar o marido, que ainda estava vivo. "Levantei chorando e chamando por ele, mas nenhum sinal. Eu não sabia, mas ele estava caído", explica. Ela conta que depois de encontrar o marido, deixou o bebê com um dos músicos do grupo. "Quando eu o achei, um rapaz do grupo estava perto e eu deixei meu filho com ele. Fui pra perto do meu marido", conta. O outro músico levou o bebê para fora do bar e ficou com a criança na casa de uma vizinha.
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Segundo ela, pouco antes de morrer, o músico tentou falar com a jovem. "Ele apertou minha mão e fez um barulho, acho que estava preocupado. Eu fui correndo pegar meu filho na casa da vizinha, mas não queriam deixar eu sair, quando eu voltei (para o bar) os policiais disseram que ele estava morto", desabafa.
Momento exato de chacina que aconteceu em Belford Roxo - Notícias de Belford Roxo / Facebook
Os dois estavam juntos há um ano e oito meses. A mulher explicou que irá se dedicar a criar o filho com o legado deixado pelo pai, com amor ao samba e ao time do coração, o Flamengo. "Serei forte por ele porque ele amava muito o nosso bebê. Ele terá todo o amor, carinho e força da família e amigos. Eu farei tudo como ele queria, o filho amando o samba, sendo flamenguista e salgueirense mesmo eu sendo Beija-Flor", disse, emocionada.
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Guerra entre tráfico e milícia
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A suspeita é de que o miliciano Luiz Gustavo de Lima Nascimento, 35 anos, conhecido como Balrog, tenha sido o alvo dos criminosos. O paramilitar atua na área de Nova Aurora, onde fica localizado o bar Rei do Peixe. Ele e a namorada, Fabrine Rejane Marques, de 25 anos, morreram no local. A jovem comemorava aniversário no estabelecimento quando foi baleada.
Segundo os investigadores, o primeiro a ser executado foi o miliciano Balrog e outros integrantes de grupos paramilitares também estavam no local.

Investigadores da DHBF afirmam que aos menos quatro criminosos usando fuzis e pistolas atacaram o bar.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes