Capitão dos Bombeiros que atropela, mata ciclista e foge do local, no Recreio dos Bandeirantes.Estefan Radovicz

Por O Dia
Rio - O Tribunal de Justiça do Rio marcou para o dia 28 de julho, às 14h30, a primeira audiência do processo que o bombeiro João Maurício Correia Passos é réu pelo crime de homicídio culposo, por atropelar e matar o ciclista Cláudio Leite da Silva, de 57 anos. A decisão é da juíza Luciana Fiala de Siqueira Carvalho, da 31ª Vara Criminal do Rio. O crime aconteceu em janeiro desse ano na altura do posto 10, na Avenida Lúcio Costa, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
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 O capitão do Corpo de Bombeiros foi preso em flagrante por uma equipe da Corregedoria do Bombeiro com agentes da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) a 1 km do local do acidente. Ele foi encontrado saindo da casa de um amigo. Na época, foram divulgados vídeos que mostram João Mauricio ingerindo bebidas alcóolicas em um posto de gasolina, pouco antes do acidente. No vídeo, é possível ver João Maurício sem camisa segurando duas garrafas: uma de vodka e outra de uísque, além de um copo.
Após ser preso, o militar confirmou, na distrital, que estava ao volante e disse ter fugido "porque teve medo de ser linchado". De acordo com informações da 42ª DP, o militar tem histórico de agressão contra a mulher. O capitão foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito.
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Testemunhas disseram que João Maurício Correia Passos estava em alta velocidade quando atropelou o ciclista Cláudio. O oficial ainda tentou fugir do local do atropelamento sem prestar socorro, mas acabou batendo o veículo um pouco mais à frente e fugiu a pé do local, abandonando o carro. 
A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva do capitão. Durante a audiência de custódia, ele admitiu ser dependente químico e ter interesse em se tratar contra a adicção. Na decisão, o juiz Antonio Luiz da Fonsêca Lucchese explicou que a prisão preventiva se deu por causa do vídeo, gravado em um posto de gasolina da Zona Oeste, em que é possível ver que João Maurício "sequer conseguia andar em razão de se encontrar possivelmente alcoolizado" momentos antes do crime. Além disso, o magistrado ainda considera um risco reestabelecer a liberdade do capitão.
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Em fevereiro, João Maurício teve a liberdade provisória concedida. O juiz Roberto Câmara Lacé Brandão, da 31ª Câmara Criminal do Rio, tomou a decisão em acordo com o Ministério Público. De acordo com o magistrado, o crime imputado ao bombeiro não prevê prisão preventiva.
"A pena privativa de liberdade máxima, prevista em abstrato para o injusto imputado ao demandado não é superior a 4 anos de reclusão (hipótese que não autoriza a imposição de custódia cautelar preventiva). [...] O réu deverá ainda comparecer mensalmente em Cartório, para dar conta de suas atividades; ficando proibido de frequentar locais onde haja venda de bebidas alcoólicas; devendo, ainda, manter-se em recolhimento domiciliar nos dias de folga".
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O juiz Lacé Brandão determinou também a devolução do carro envolvido no acidente para que fique sob custódia de Maurício Passos, pai do bombeiro.
O capitão foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No entanto, o promotor responsável pelo caso, José Antônio Fernandes Souto, não concordou com a Polícia Civil, que havia indiciado o motorista por homicídio doloso, com intenção de matar, porque ele teria assumido o risco de provocar um acidente e matar alguém.
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Mulher do oficial afirma sofrer agressões
De acordo com informações da 42ª DP, o militar tem histórico de agressão contra a mulher. Ele já foi preso por ter agredido a esposa, deficiente física, na casa onde mora, no Méier, Zona Norte, mas foi liberado após audiência de custódia.
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A mulher do capitão disse, em depoimento à polícia no dia 5 de janeiro deste ano, que o motivo dela ter ficado paraplégica foi porque ela e o marido sofreram um acidente de carro após João dirigir embriagado. A informação foi divulgada pela Globonews, e confirmada ao DIA pelo delegado Luxardo.
A companheira de João, que não teve o nome divulgado, relatou ainda que está casada com o marido há 14 anos, têm dois filhos e sofre agressões constantemente. Ainda segundo a mulher, o agressor já falou para era que ela precisava morrer, além de dizer que iria procurar "uma mulher de verdade", pois a esposa não servia para nada, já que "estava em uma cadeira de rodas".
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Nesta tarde, o delegado que investiga o caso afirmou que João Maurício havia passagens pelo polícia por lesão corporal e ameaça na forma da Lei Maria da Penha contra a vítima.