Comissão irá debater aprimoramento no contrato de concessão da Supervia
Grupo terá até dia 30 de novembro para conclusão dos trabalhos
Estação de Trans de São Cristovão. Aglomeração nas plataformas de acesso aos trens. - Daniel Castelo Branco
Estação de Trans de São Cristovão. Aglomeração nas plataformas de acesso aos trens.Daniel Castelo Branco
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Jenifer Alves
Rio - Uma comissão foi instituída para debater a modernização e aprimoramentos no contrato de concessão da SuperVia. A medida foi publicada no Diário Oficial do estado desta terça-feira. Dentre as questões a serem discutidas, está a necessidade de implementar medidas voltadas ao reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão vindos da fixação da redução tarifária (R$ 5,90 para R$ 5), a importância de manter condições adequadas de segurança e qualidade de serviço no sistema, além de modernizar o contrato entre a concessionária e o estado. O grupo terá até dia 30 de novembro para concluir os trabalhos.
De acordo com o decreto, o grupo será coordenado pela Superintendente de Planejamento e Monitoramento de Concessões de Transportes (Supcon/Setrans) Raquel de Souza e contará com representantes da Procuradoria Geral de Estado (PGE), da SuperVia, da Secretaria de Transportes (Setrans) e da Secretaria da Casa Civil (Secc).
Um dos impasses entre o estado e a concessionária tem sido o reajuste da passagem, fixado em R$ 5 pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) nesta segunda-feira (12). A medida manteve a decisão liminar do conselheiro presidente da entidade, Murilo Leal, divulgada no último dia 30. Segundo ele, o objetivo é assegurar o interesse público e evitar possíveis prejuízos aos passageiros.
Também no último dia 30, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) negou o pedido feito pelo Ministério Público (MP) e Defensoria Pública do Estado, através de uma ação civil pública (ACP) para reduzir a tarifa cobrada nos trens para R$ 4,95. A solicitação era baseada em uma mudança na fórmula dos cálculos feita atualmente pela SuperVia. Os órgãos pediam o reajuste em até 48h sob multa de R$ 100 mil por dia se a concessionária não mudasse o preço através do cálculo do custo da passagem feito por um novo indexador. A exigência era que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passasse a ser utilizado.
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O coordenador geral da Casa Fluminense, Henrique Silveira, explica que há três pontos que não podem deixar de ser abordados pelo grupo: a integração metropolitana, a acessibilidade e a segurança nos trens. Para ele, é preciso entender que o trem é o principal modal de alta capacidade no estado e que os demais precisam fazer a integração. Para isso, é preciso aumentar a oferta de trens, o número de passageiros e diminuir os intervalos. Além disso, Silveira também pontua que há a necessidade de aumentar a segurança nas estações com o intuito de diminuir acidentes, como atropelamentos. "É necessário todo um conjunto de medidas pra melhorar a segurança e preservar a vida do usuário no sistema", disse.
Silveira destaca que é preciso pensar em outras formas de financiamento para que o sistema não seja mantido apenas com o recurso da tarifa. "No momento que cai o número de usuários, como a gente tá vendo agora, o sistema entra em crise. É preciso recursos, outras fontes para que o sistema se mantenha, independente da quantidade de pessoas que está utilizando o transporte".
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Um processo regulatório foi aberto para tratar a negociação entre a concessionária e o Governo do Estado, a respeito dos prazos para a elaboração de nova metodologia de reajuste de tarifa e eventuais compensações para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão.
Fiscalização e penalidades
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De janeiro de 2020 até maio de 2021, a Agetransp aplicou 11 penalidades à concessionária. A empresa recorreu de todas as multas. De maio de 2019 até maio de 2021 (dois anos) foram abertos 96 processos administrativos e que estão em fase de tramitação.
Todos os processos abertos pela Agetransp passam pela apuração e investigação, tipificação da falha e seu enquadramento contratual, ou seja, ao constatar uma falha no sistema, a agência precisa localizar no contrato de concessão o que teria sido desrespeitado pela empresa que pode recorrer de cada penalidade.
Dentre as multas recorridas está a do acidente que deixou um maquinista morto, em fevereiro de 2019. O caso foi julgado pelo Conselho Diretor da Agetransp em dezembro de 2019 e a SuperVia responsabilizada e multada em R$ 1,6 milhão. A concessionária recorreu, sob alegação de que o acidente ocorreu apenas por falha humana. Em maio de 2021, o Conselho Diretor da Agetransp julgou e negou recurso à empresa, decidindo que ocorreu falha operacional no acidente.
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A Setrans esclareceu que a comissão é fruto do que foi pactuado entre Estado e SuperVia, em fevereiro de 2021, na assinatura do 11º Termo Aditivo.
O objetivo, segundo a pasta, é dar prosseguimento às discussões, iniciadas em março, sobre a modernização e o aprimoramento do contrato de concessão, trazendo procedimentos mais claros para o tratamento de alguns assuntos, como bens reversíveis, passivos sucessórios, indicadores de desempenho e mapeamento de riscos.
A SuperVia informou que a concessionária e o Governo do Estado têm mantido diálogo constante para aprimorar e modernizar o contrato de concessão. "O objetivo desta comissão, que se reunirá semanalmente, é tornar o contrato mais sustentável, favorecendo todas as partes, especialmente os clientes dos trens do Rio", disse a empresa.
Dentre os pontos discutidos está a segurança pública que, por vezes, impactam a operação e geram transtornos aos passageiros. A concessionária também destacou que tem se colocado à disposição para contribuir com informações no trabalho do poder concedente de mitigar crimes, como furtos de equipamentos e vandalismos.
A comissão também irá discutir investimentos e a metodologia de reajuste da tarifa, "de forma que se possa manter o equilíbrio financeiro da concessionária, sem onerar o cliente. Também estão na pauta formas de ressarcir a SuperVia sobre gratuidades e passivos sucessórios. Todos os temas devem serão tratados até o próximo dia 30 de novembro", alegou a concessionária.
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