O psiquiatra Ítalo Marsili, filho do cirurgião Claudio Marsili, fala sobre o pai e conta como foi chegar na cena do crimeReprodução
'Força não é capaz de sustentar ninguém diante da barbárie', diz filho de médico morto na Barra da Tijuca
Cirurgião plástico, Claudio Marsili, de 64 anos, foi assassinado na última terça-feira (19), na Barra da Tijuca, após reagir a um assalto
Rio - O filho do cirurgião plástico, Claudio Marsili, de 64 anos, assassinado na última terça-feira (19) na Barra da Tijuca, respondeu os seguidores no Instagram, nesta sexta-feira (23), sobre a morte do pai. Italo Marsili contou que não chorou inconsolavelmente pela perda, pois, "em todos os momentos de choro, houve consolação e uma percepção inesperada sobre a beleza de tudo".
Em uma das postagens, um internauta escreveu uma mensagem de consolação à família, desejando força neste momento. "Obrigado pelos votos de 'força', mas gostaria de dizer que a força não importa, a 'força' não é capaz de sustentar ninguém diante da barbárie, da dor profunda, do caos, apenas a esperança e o amor são capazes de dar respostas às incertezas fundamentais do ser-humano", escreveu o psiquiatra.
Já em outra mensagem, um seguidor lembrou que o influenciador estava sensível nos últimos dias e perguntou se ele sentiu que algo aconteceria. Em resposta, Italo respondeu: "Difícil explicar por aqui. Você não entenderia".
Claudio foi morto com um tiro na cabeça na Rua Fernando Mattos, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, por volta das 6h30. Ele chegava para mais um dia de trabalho em uma clínica, na qual era sócio, no Jardim Oceânico, e tinha acabado de estacionar o carro, quando foi baleado.
O corpo de Cláudio foi cremado no início da tarde desta quarta-feira no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju. A filha do cirurgião, Mila Marsili, agradeceu, em seu perfil pessoal no Instagram, as mensagens e orações de familiares e amigos pela morte do pai. Ela também lembrou momentos com ele e disse que reza para encontrá-lo de novo um dia.
"Precisava vir aqui agradecer a vocês, agradecer por todo o carinho que têm me dado, as mensagens que vocês me mandam. Dizer que apesar de toda a tristeza, é claro que a gente fica, cada palavra que vocês mandam é um alento, cada foto que vocês comentam com meu pai, eu vejo o sorriso dele e isso me dá um conforto no coração. A gente tem momentos mais tristes, mas, no geral, eu estou feliz, porque eu tenho certeza que meu pai está em um lugar melhor", disse Mila.
No mesmo dia do assassinato, o carro utilizado pelos criminosos foi apreendido no Morro do Turano, Zona Norte do Rio. De acordo com a Polícia Civil, um homem identificado como Thiago Barbosa dos Santos, de 38 anos, foi preso dentro do veículo. Investigações apontam que o rapaz possui 13 anotações criminais. Com ele, foi apreendida uma mochila com pertences do médico.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) confirmou, nesta sexta-feira (22), que Thiago foi o autor do disparo que matou o médico. De acordo com as investigações, a autoria do tiro foi indicada por um conjunto de provas técnicas, como a digital dele encontrada na parte interna da janela esquerda traseira do carro utilizado pelos criminosos. Além disso, anteriormente, testemunhas chegaram a afirmar que o criminoso teria desembarcado pela parte de trás do veículo.
Um inquérito da DHC também concluiu, na noite desta sexta-feira, que Cláudio Marsili foi baleado na cabeça após reagir a um assalto. Na quinta-feira (21), a Justiça converteu em preventiva a prisão em flagrante de Thiago. Ele estava preso desde 2019, quando foi condenado por roubo majorado, e ganhou a liberdade em maio deste ano.
Investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) percorreram, na quarta-feira (20), o trajeto do cirurgião plástico. O objetivo da polícia era coletar imagens de câmeras de segurança que poderiam identificar se Marsili estava sendo perseguido pelos bandidos, e a partir de quando. A DH também tenta identificar todos os envolvidos no assassinato.
Em um vídeo obtido pela DH, a câmera mostra o momento exato da execução do médico. O cirurgião estaciona o carro, um Hilux, e, em seguida, o veículo dos bandidos passa ao lado e volta de ré. Em poucos segundos, ele é rendido e assassinado. Com a força do tiro, de curta distância, o corpo é arremessado no canal da Fernando de Mattos. Na imagem, ainda é possível ver um dos criminosos indo até Marsili para pegar seus pertences e logo depois o bando foge com o carro do médico e o veículo usado no assalto.
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