Amigas de Belo Horizonte, Mariana e Brenda curtiram virada na praia, onde ficaram até de manhãMarcos Porto/Agencia O Dia

Rio - No primeiro dia do ano, mais saúde e prosperidade foi o principal pedido dos cariocas e visitantes, que não se deixaram assustar pelo tempo nublado e aproveitaram o início de 2022 na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Na noite de Réveillon, 25 torres de som tocando bossa nova, samba, MPB e outros ritmos ao longo da orla e os 16 minutos de queima de fogos marcaram a retomada da virada mais famosa do Brasil, que teve público visivelmente menor, se comparado às celebrações que ocorreram antes da pandemia de covid-19.


A operadora de telemarketing, Sharlene Rocha, de 45 anos, veio de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, com o marido, o eletrotécnico Emanuel Nunes, 45, e a filha Ângela, de 9 anos, aproveitar o primeiro dia de 2022 em Copacabana. Ela conta que sempre passa a virada do ano na Praia de Icaraí, em Niterói, mas decidiu ficar em casa para preservar a família. Entretanto, segundo ela, a tradição de pular sete ondas não poderia ser deixada de lado.

"Esse ano a gente passou em casa pela primeira vez, mas hoje eu quis vir para a praia pular minhas sete ondas e passear pela orla. Eu adoro Copacabana, é tudo de bom. Não tem coisa melhor do que passar o primeiro dia do ano em Copacabana. O tempo está gostoso e se chover, a gente fica com chuva, mesmo. O importante é se divertir e aproveitar as possibilidades que esse ano vai nos dar. Comemorar ao máximo", celebrou a operadora de telemarketing.

"Passamos um ano tenebroso, conseguimos sobreviver e agora é comemorar. 2022 vai ser um ano diferente, com mais saúde. A gente espera que as pessoas se conscientizem e se vacinem, porque precisam e para que a gente possa ter um ano melhor e, quem sabe, um Réveillon de 2023. Vida nova. Se Deus quiser vai melhorar", completou o eletrotécnico.

O enfermeiro Everton Bronze, de 33 anos, passou a virada de ano na Praia de Copacabana pela primeira vez. Visitante de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, ele revelou que imaginava uma festa de proporções maiores, o que não o impediu de aproveitar a queima de fogos e fazer pedidos para o ano que estava para entrar. Neste sábado (1º), ele aproveitou para passear pela orla.

"Eu achei que fosse ter um movimento maior, foi diferente da ideia que eu tinha, mas foi muito tranquilo, deu para curtir. Gostei muito dos fogos, da música. Espero que em 2022 nós possamos estar aqui muito bem, saudáveis e possamos aproveitar a festa longe da pandemia", desejou Everton.

Também turistas, as amigas Mariana Pires, de 27 anos, e Brenda Eloísa, de 21, de Belo Horizonte, na capital mineira, passaram o Réveillon na praia, onde ficaram até a manhã deste sábado. Ainda animadas com a chegada do novo ano, elas esbanjaram alegria e desejos para 2022 nas areias de Copacabana. 

"Já vim outras vezes e achei muito diferente dos outros anos. Nos outros anos, estava bem mais cheio, mas é a pandemia. Mas deu para curtir demais, estou bêbada até agora. Não sei como estou em pé, ainda estou virada de ontem. Curti muito e quero voltar em outras ocasiões. Já pulei as sete ondinhas e para 2022, eu só peço saúde, porque o resto a gente corre atrás", se divertiu a fotógrafa Mariana.

Apesar de desempregada, Brenda não perdeu o bom-humor. Comemorando a virada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a jovem brincou que está devendo enquanto se diverte na cidade e que este ano vai pular mais de sete ondas para garantir que o pedido por prosperidade se concretize.

"Estou devendo e 'luxando', por isso pedi muita prosperidade esse ano. Hoje, vou pular até 20 ondinhas, para garantir, porque sete está pouco. Pedi também para em 2022 a pandemia ir para bem longe, para a gente poder curtir o próximo Ano Novo aqui no Rio, de novo. O último ano foi muito difícil, mas 2022 vai ser melhor", desejou a mineira.

Moradores de Copacabana há dez anos, a gestora pública Paola Alves Belchior, 37, e o DJ Wiliam Batista, 34, contraíram o novo coronavírus recentemente e decidiram assistir a queima de fogos da varada de casa, para preservar a filha Nala, de seis meses, que também foi infectada com o vírus. Eles contam que acharam o bairro mais calmo do que na mesma ocasião em outros anos e que sentiram vontade de ir à praia celebrar.

"Nós três tivemos covid recentemente, então estávamos muito preocupadas com a recuperação dela (Nala). Decidimos ficar em casa e assistir (à queima de fogos) da varanda. Foi lindo. Estava muito bonito e, de longe, a gente achou mais tranquilo. Como não teve show, a galera dispersou mais rápido, vieram mais por causa dos fogos. Deu muita vontade de estar aqui (Praia de Copacabana), mas ficamos em casa", contou a gestora.

Paola e Wiliam começaram a namorar durante a pandemia, período em que também nasceu a filha do casal. Apesar das alegrias vividas em 2021, eles se solidarizaram com quem perdeu familiares e amigos, e desejaram um novo ano com mais felicidade, saúde e prosperidade.

"Esse ano de 2021 foi muito agressivo, bem avassalador para a gente. A gente recebeu um presente, enquanto via muita gente se perdendo, muita gente indo embora. A gente espera, sinceramente, que 2022 seja um ano em que a gente viva mais felicidades, que a gente possa transbordar felicidade e prosperidade para todo mundo e muita saúde. Muita esperança de dias melhores", declarou o DJ.

A festa também foi de muita esperança para os quiosques da orla da Praia de Copacabana, que esperavam ter uma passagem de ano melhor que a última e já criaram expectativas para a temporada de verão. De acordo com o funcionário do Cantinho Cearense, Miguel Oliveira, o movimento de clientes foi melhor do que o esperado e não houve tumulto no estabelecimento.

"Como a prefeitura não liberou as grades nos quiosques, a gente achou que iria tumultuar. Mas foi tranquilo, conseguimos trabalhar bem. Não foi como os outros anos antes da pandemia, não dá para comparar, mas foi melhor do que a gente esperava. A gente achou que o movimento fosse ser mais fraco, mas superou nossas expectativas. Agora, a gente torce para que melhore, a tendência é melhorar", afirmou o funcionário.

O cenário se repetiu no Espetto Carioca. Segundo o gerente Paulo Roberto Wauczinski, apesar dos episódios de violência que deixaram ao menos quatro pessoas feridas durante a comemoração, o quiosque "colheu frutos melhores" na virada de 2022 e espera uma retomada ainda maior durante as próximas semanas, para se recuperar do prejuízo que sofreu durante a pandemia.

"Apesar dos ocorridos que tivemos aqui, ontem foi muito tranquilo, tanto o nosso trabalho, quanto os clientes. Foi muito bom o movimento e nossas expectativas para esse ano são as melhores possíveis, com todo mundo se vacinando e o verão, estamos com uma expectativa além do normal para vender bastante e recuperar o que perdemos no último ano, que foi bem complicado para nós, tivemos uma sacudida grande. Mas, agora estamos colhendo frutos melhores. Ontem já deu uma esperança para esse ano ser melhor. Está voltando quase a normalidade", comentou o gerente.