Dezenas de mortos após deslizamentos causados pela chuvaAFP

Rio - A tragédia que atingiu Petrópolis, na Região Serrana do Rio, na tarde de terça-feira (15), bateu a triste marca de 120 mortos nesta sexta-feira (18). Até as 13h, foram registradas 399 ocorrências no município, das quais 323 foram de deslizamentos, sendo o mais crítico o Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra – parte da encosta foi abaixo e pelo menos 80 casas foram atingidas. Ao todo, 24 resgates de pessoas com vida foram feitos e o número de desabrigados passou de 700.
A Polícia Civil informou que há 116 desaparecimentos notificados. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) tem ido às escolas municipais para registrar os desaparecidos. O Ministério Público, que criou uma força-tarefa para receber solicitações de desaparecidos, tem o cadastro de pelo menos 35 pessoas ainda não localizadas. O município decretou Estado de Calamidade Pública e os militares seguem trabalhando. Há previsão de mais chuva para esta sexta-feira.

Após as fortes chuvas que caíram no município, a região central ficou completamente destruída. O temporal concentrou 259 milímetros de chuva em apenas seis horas, pouco mais do que era esperado para todo o mês de fevereiro inteiro. A maior incidência de deslizamento ocorreu nos bairros do Centro, Quitandinha, Caxambu, Alto da Serra e Castelânea.

Por conta do alto número de vítimas, o Instituto Médico Legal (IML) está usando um caminhão frigorífico para transportar e armazenar os corpos. Diversos familiares se concentram próximos ao local para a identificação das vítimas.
A tragédia se repete
No dia 11 de janeiro de 2011, a região serrana do Rio foi palco da maior catástrofe climática do Brasil. De acordo com os dados do Ministério Público, 918 pessoas morreram, 30 mil ficaram desabrigadas e ao menos 99 vítimas seguem desaparecidas até hoje, após um temporal sem precedentes atingir cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. A chuva provocou avalanches de lama e muitas casas desabaram sob a força das águas carregadas de terra e entulho.
Na época do desastre, cerca de 850 mil toneladas de lama e entulho foram retiradas das ruas das cidades. Nos dez anos da tragédia, o governador Cláudio Castro decretou luto oficial e transferiu a sede do governo do estado para a Região Serrana. Em janeiro do ano passado, foi feita a promessa de investir mais de R$ 500 milhões em contenções de encostas, limpeza de rios e obras de infraestrutura em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Areal.