Familiares de Elizabeth Lopes da Silva estiveram no IML do Centro para reconhecimento e liberação do corpo de Elizabeth Lopes da Silva, que foi encontrada morta e enterrada ontem. Ela estava desaparecida há 10 dias. Seria mais um caso de feminicídio. Na foto Thaysla Fabiana da Silva Siqueira e a ex cunhada e prima, Luciane Lopes de Elizabeth Lopes da Silva. Centro, região central do Rio de Janeiro OBS: Blusa Rosa escuro, filha Thaysla Fabiana da Silva Siqueira Casaco rosa claro, ex cunhada e prima, Lucilene LopesVanessa Ataliba/Agência O Dia
De acordo com familiares, o suspeito disse a família, durante as buscas, que a mulher havia ido até a sua casa terminar o relacionamento, depois disso, pegou uma van e foi embora. Desde então, não há informações sobre o paradeiro de Luiz.
Porém, após quase duas semanas do desaparecimento, familiares passaram a desconfiar da história do ex-companheiro de Elizabeth. Segundo a filha da vítima, Thaysla Fabiana da Silva Siqueira, o suspeito fugiu após ser intimado a prestar depoimento para a polícia.
Na manhã desta sexta-feira (15), familiares da doméstica estiveram no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP) para fazer a liberação do corpo. Thaysla foi quem descobriu onde a mãe estava escondida desde o desaparecimento.
"Ela desapareceu no dia 4 de julho e a gente ficou nessa procura por mais de uma semana. Quando foi ontem [quinta-feira], eu fui com uma amiga na casa onde ele [o suspeito] vivia e falei assim: 'amiga, vamos ali comigo, porque eu tenho certeza que ela está ali'. A gente desceu, eu olhei para aquela portinha e tinha certeza de que ela estava ali. Então eu vi um rapaz passando na rua e pedi a ajuda dele para abrir a porta, ele puxou e quando abriu, tinha um poço, só que estava fechado. Eu pedi para ele abrir, porque não tinha coragem, e quando abriu, a gente já sentiu o cheiro. Ele saiu pela porta e me avisou que ela estava lá. Eu não tive coragem de ver, mas sabia que era ela", disse, sob forte emoção.
Elizabeth nasceu em Pernambuco e deixa duas filhas. Thaysla contou que a vítima era uma pessoa tranquila e boa para todos. "Minha mãe não fazia mal para ninguém, era trabalhadora, gostava de tomar a 'cervejinha' dela, mas nunca fez mal para ninguém", comentou.
Lucilene Lopes, ex-cunhada e prima de Elizabeth, lembrou que, desde o momento em que conheceu o suspeito, percebia ele muito quieto, agindo de modo estranho. "Eu sempre achei ele uma pessoa muito estranha, não era muito sociável. As poucas vezes que fui na casa dele, ele se escondeu. Não gostava muito de conversar. Desde o início, eu sabia que ele tinha tentado alguma coisa com ela. Inclusive, falei para irmos até a casa dele, procurar no mato, dentro da casa. Já tinha pressentimento ruim em relação a ele", assumiu.
A mulher ainda afirmou que o suspeito era extremamente possessivo quando estavam somente ele e Elizabeth, mas fazia questão de não demonstrar o problema para outras pessoas do convívio do casal.
"Para as pessoas de fora, ele não demonstrava ciúme, mas quando estavam os dois, ele mostrava, porque eles brigavam bastante. Ela se separou dele e ele não aceitava muito a separação. Ela resolveu dar uma chance e voltou, por pena dele. Depois de três meses, ela quis terminar, foi até a casa dele conversar e não deu certo. Ele a trancou lá e aconteceu o que aconteceu", relatou.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 31°BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram acionados para checar ocorrência de encontro de cadáver na rua Lagoa Bonita, no bairro Vargem Grande. No local, a equipe encontrou o corpo em um poço. A perícia foi solicitada.
Nesta semana, o primeiro caso de feminicídio foi na segunda-feira (11), quando o corpo de Marcielly Araújo, de 29 anos, foi encontrado em uma casa Comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste. O principal suspeito da morte é seu companheiro, Glauber Moraes do Nascimento, também de 29 anos, se entregou à Polícia Civil no mesmo dia, durante a tarde.
Parentes da vítima dizem que na noite deste domingo (10) ela e o companheiro teriam discutido em uma festa. O homem já teria agredido e tentado matar a mulher em situações anteriores. Ela foi morta por estrangulamento.
Na terça-feira (12), José Carlos Martins Esperidião foi preso suspeito da morte de sua esposa, Cláudia Gonçalves de Moura, de 51 anos. A mulher foi encontrada morta esquartejada e enterrada no quintal da residência onde vivia com o homem, na comunidade Campo Belo, no bairro Lagoinha, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Assim como Elizabeth, Cláudia estava desaparecida desde o dia quatro de julho. No domingo, dia 3, ela teria dito à nora que teve uma discussão com o marido. Depois disso, não apareceu novamente.
Já no final do mês de junho, a dona de casa Valquíria Celina Ferreira Santos, de 35 anos, morreu após passar quatro dias internada no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, por causa dos graves ferimentos que teriam sido causados pelo namorado.
Júlio César Perrone Gomes, de 32 anos, apontado como autor das agressões, teria acertado a vítima com olpes de escavadeira de ferro manual depois de uma crise de ciúmes, na madrugada do último dia 23.
Vitória Lima Martins foi encontrada morta com os pulsos cortados, na madrugada do dia 28 de junho, dentro de uma casa em Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio. A jovem teria saído de sua casa para encontrar um amigo que havia oferecido um emprego.
Rodrigo da Silva Nascimento é apontado por familiares como o autor do crime. Na ocasião, ele teria forjado uma cena de duplo suicídio para se livrar das acusações.
Dias antes, Viviane Garcia foi morta pelo marido no bairro Santa Terezinha, em Mesquita, na Baixada Fluminense, em 17 de junho. O homem, que não teve a identidade divulgada, ainda atirou na filha do casal e depois se matou.
A filha do casal sobreviveu após passar por cirurgias no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. O atirador chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Na mesma semana, no dia 12 de junho, Lais Batista da Silva Rocha dos Santos, de 25 anos, foi morta pelo companheiro Magno Rocha, de 29 anos, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
Magno foi denunciado pela própria mãe, que ouviu o disparo feito contra Lais. De acordo com a família da vítima, o assassinato teria sido motivado por ciúmes, depois dos dois terem passado a noite em um bar.
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