'Eu estava com muito medo de sair na rua, hoje, já estou conseguindo sair mais livre', disse Jéssica Jordão sobre prisão de Victor PossobomMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - Familiares realizam uma manifestação, nesta segunda-feira (19), em frente ao Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, para reivindicar que a guarda da bebê de 1 ano, fruto do relacionamento de Jéssica Jordão, 30, com Victor Possobom, 32, passe a ser da mãe. O pai da criança foi preso na última sexta-feira (16), acusado de agressão e tortura contra o enteado de 4 anos, também filho da ex-mulher e, desde então, a menina está sob os cuidados da avó paterna, Stella Pinho Possobom. Uma audiência marcada para às 14h vai definir a guarda.
Segundo Jéssica, o ato pretende mostrar o apoio que vem recebendo e impactar no resultado da sessão. "Eu não consigo acreditar que a Stella consiga ganhar a guarda, a gente espera que isso não aconteça", disse ela. A mulher estava afastada da bebê desde 27 de julho, quando fugiu do cárcere privado que era mantida por Victor, mas não conseguiu levar a criança. A avó da menina, então, entrou com o pedido de guarda, alegando que ela a havia abandonado.
A criança completou um ano no último dia 25, data em que passou longe da mãe. Elas puderam ficar juntas durante oito horas neste sábado e no domingo, mas o contato com a ex-sogra foi limitado aos assuntos relacionados à menina, segundo Jéssica. "(O coração) está desesperado, quase parando, mas estou muito confiante de que tudo vai dar certo, que eu vou conseguir sair com a minha filha nos braços daqui, hoje. A melhor sensação de dar um abraço nela no sábado, foi incrível, não consigo explicar em palavras como foi bom passar esse final de semana com ela depois de tanto tempo", declarou. 
No mesmo dia da prisão de Victor, a juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine, aceitou a denúncia do Ministério Público (MPRJ) e decretou a prisão preventiva, que foi mantida, neste domingo (18), em audiência de custódia. O preso foi transferido para um presídio em São Gonçalo, também na Região Metropolitana, e o juiz Antônio Luiz da Fonsêca Lucchese o encaminhou para atendimento médico, já que, segundo a defesa, ele fazia tratamento psiquiátrico. "Eu estava com muito medo de sair na rua, hoje, já estou conseguindo sair mais livre. Encontrar com pessoas na rua está sendo diferente depois da prisão dele", afirmou Jéssica.
Exame de DNA 

Segundo Jéssica, caso necessário, um exame de DNA pode ser solicitado entra a criança e a avó paterna, já que ela desconfia que Victor não seja filho biológico. Segundo uma prima da mulher, Stella teria dado a luz a um bebê já sem vida em 16 de junho de 1990, na maternidade Santa Cruz, também em Niterói. A mãe do agressor então teria viajado para o estado de Santa Catarina, de onde voltou com um bebê pouco tempo após o parto.
De acordo com a prima, as informações foram passadas à Jéssica pela irmã de sua ex-sogra, durante uma ligação prestando solidariedade pelas violência sofrida por ela e pelo filho de 4 anos. A mulher teria relatado ainda que não há registro da adoção legal de Possobom, que teria como data de nascimento 27 de junho de 1990. A reportagem do Dia tenta contato com a defesa de Stella. 
Condenação por tráfico de drogas
Em 2017, Jéssica Jordão foi condenada por tráfico de drogas e deixou a prisão em dezembro do mesmo ano, usando tornozeleira eletrônica. Ela chegou a trabalhar com carteira assinada até engravidar da filha, em 2020, quando passou a vender comida congelada. Após a denúncia contra Victor pela agressão ao filho de 4 anos, o homem teria arrancado o equipamento dela, para que não fosse localizada.
Quando a mulher conseguiu fugir do cárcere em que era mantida pelo ex-companheiro, a vítima procurou as Defensorias Públicas da União (DPU) e do Rio de Janeiro (DPRJ), que a orientaram, mas ela acabou sendo liberada do uso da tornozeleira eletrônica, depois que a Justiça entendeu que ela já havia cumprido sua pena. 
Relembre o caso
Victor Possobom foi preso na última sexta-feira, depois que imagens de uma câmera de segurança do prédio onde eles moravam, em Niterói, mostraram ele agredindo e sufocando o enteado de apenas 4 anos, filho de Jéssica Jordão. O caso aconteceu em fevereiro, mas os vídeos só vieram à tona nesta semana. A mãe da criança chegou a denunciar o então companheiro, à epoca, e tentou se separar, mas acabou sendo mantida em cárcere privado. 
Apesar de ter conseguido afastar o filho do convívio com o padrasto, Jéssica foi levada para uma casa longe de vizinhos, no município Maricá, também na Região Metropolitana, onde a rotina de agressões contra ela se intensificou, provocando até um aborto, no mês de julho. A mulher fugiu do local, mas não conseguiu levar a filha, que ficou com Victor até sua prisão. Ela voltou a denunciar o homem e obteve uma medida protetiva contra ele.