Nas imagens que circulam nas redes sociais, os militares do Bope 'encurralam' os mototaxistas em uma parede e os agridem com socos e pontapés. De acordo com relatos nas redes sociais, a manifestação teria sido ordenada por traficantes, que mandaram ainda fecharem o comércio e igrejas. Nas últimas quinta (22) e sexta-feira, a PM atuou na comunidade por conta da tentativa de criminosos do Morro do Dezoito tomarem o controle total do Morro do Fubá.
Neste domingo (25), o Batalhão de Ações Com Cães (BAC) reforça o policiamento no Morro do Dezoito, onde, até o momento, não há registro de prisões, apreensões ou novos confrontos. Já o 9º BPM (Rocha Miranda) realiza patrulhamento nos morros do Fubá e do Campinho, além de nas favelas da Caixa D'Água e do Saçu. Não há informações sobre troca de tiros, presos ou material ilícito encontrado.
Equipes do Batalhão de Ações com Cães reforçam o patrulhamento na comunidade Morro do 18, neste domingo. pic.twitter.com/LTRoGSsFGK
Desde o início do ano, o Comando Vermelho e a milícia do "Tico e Teco" tentam assumir o domínio completo do Morro do Fubá. O local era comandado pelos milicianos, mas a traição de um integrante da organização criminosa facilitou a invasão dos traficantes, liderados por Rafael Cardoso Valle, o "Baby", gerente do Morro do Dezoito. Atualmente, cada grupo chefia uma parte da comunidade, com o tráfíco na parte alta e os paramilitares na baixa.
"Baby" é do Morro do Urubu, em Pilares, e conhecido por um perfil violento. Ele costuma organizar assaltos, ataques a policiais e homicídios na região. Por também ter atuado no Complexo da Penha, ele recebeu investimento do "Tropa do Urso" - grupo de traficantes do chefe do tráfico da Vila Cruzeiro, Edgar Alves, o "Doca" - para expandir os domínios da facção para Cascadura e Piedade, onde milicianos estavam estabelecidos.
Já a milícia que atua no Morro do Fubá é comandada pelos irmãos Leonardo Luccas Pereira, o "Leléo" ou "Tico", e Diogo Luccas Pereira, o "Teco" ou "Playboy", que está preso desde 2020, após sete anos foragido. Mas, mesmo de dentro da cadeia, ele ajuda na atuação dos bandidos, que também estão nas regiões de Campinho, Cascadura, Quintino, Tanque e Praça Seca. Com um histórico de violência, a organização criminosa tem ligação com o "Escritório do Crime", grupo de matadores de aluguel.
Nas favelas controlados pelos irmãos, muros contam com os desenhos dos esquilos Tico e Teco, personagens da Disney. Contra Leonardo, há mandados de prisão em aberto pelos crimes de organização criminosa e roubo majorado e outros dois por homicídio qualificado. A milícia comandada por ele faz cobrança ilegal de uma taxa de segurança de moradores e comerciantes do Fubá, no valor de R$ 50, que pode ser paga aos bandidos por meio da ferramenta 'Pix'.
Além de sofrerem com a cobrança indevida, os residentes da comunidade, que acabou sendo apelidada de "Fubaquistão", tiveram suas rotinas completamente afetadas pelos constantes confrontos entre os traficantes e os milicianos. Relatos dão conta de que, tanto quem vive no Morro, quanto nas ruas do entorno, fica impedido de sair para trabalhar ou estudar devido às intensas trocas de tiros. Serviços como transporte escolar, por aplicativo e fornecimento de internet também não querem mais atuar nos bairros próximos como Cascadura e Campinho.
Há pouco mais de um mês, a guerra entre os grupos rivais se intensificou, provocando tiroteios quase todos os dias. Em 9 de agosto, o turista americano Trey Thomas Joseph Barber, de 28 anos, foi atingido por uma bala perdida no pescoço, dentro da casa de amigos, em Cascadura, onde estava hospedado. O disparo partiu de um confronto entre traficantes e milicianos no Morro do Fubá. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu após dois dias de internação. Desde então, o 9º BPM (Rocha Miranda) ocupa a favela.
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