Carnavalescos abrem o jogo sobre desfiles da segunda noite do Grupo Especial
Paraíso do Tuiuti, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Grande Rio e Vila Isabel competem pelo título na segunda noite de desfiles na Marquês de Sapucaí
Iza foi destaque da Impeatriz - Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Iza foi destaque da ImpeatrizReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Rio - E tem mais espetáculo na segunda noite dos desfiles de Carnaval do Rio! Neste sábado, o Paraíso do Tuiuti, a Portela, a Mocidade Independente de Padre Miguel, a Unidos da Tijuca, a Grande Rio e a Vila Isabel vão deixar claro para todo o público que o Carnaval da Marquês de Sapucaí está mais do que vivo.
O Dia vai adiantar alguns detalhes do que cada carnavalesco vai levar para a Avenida. A segunda noite de desfiles vai ser recheada de referências brasileiras, com enredos sobre a árvore da vida, orixás e a lenda do surgimento de um fruto típico do Amazonas.
A agremiação de São Cristóvão vai apresentar para os torcedores luta, resistência e sabedoria dos povos negros. O Paraíso do Tuiuti fará uma homenagem a personalidades pretas que marcaram a história brasileira e mundial, como Nelson Mandela, Zumbi dos Palmares, Mercedes Batista e Mãe Stella de Oxóssi. O enredo "Ka Ríba Tí Ye - Que nossos caminhos se abram" marca o retorno do carnavalesco Paulo Barros à escola de samba.
"Teremos muitos pontos altos, como a nossa comissão de frente, que é segredo absoluto. Mas vou destacar o carro do Pantera Negra. Ele terá dezenas de pessoas vestidas como o personagem que vão voar na Avenida", adiantou o diretor de Carnaval da escola, André Gonçalves.
O Tuiuti será a primeira agremiação a entrar na Avenida no segundo dia de desfiles do grupo Especial, às 22h. Em 2018, sob o comando de Jack Vasconcelos, a agremiação de São Cristóvão garantiu o vice-campeonato com a diferença de um décimo com o enredo "Meu Deus! Meu Deus! Está extinta a escravidão?"
A Portela se inspira no baobá para revelar, em uma caminhada histórica, os frutos da África no Brasil. A Azul e Branca de Oswaldo Cruz se debruça nas representações da árvore milenar com o enredo "Igi Osè Baobá". O desfile é assinado pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage.
"Sou suspeita para falar porque mãe não vê filho feio. Eleger o filho mais bonito é complicado [risos]. Acho que a escola, no conjunto, como um todo, surpreende. Principalmente por conta da experiência de estarmos trabalhando um enredo afro em uma escola de tons frios. Isso causa uma expectativa para ver como a gente vai se sair aqui, né?", brincou Márcia Lage, que explicou:
"O desfile começa falando da sacralidade, da relação da árvore com o sagrado. Inicia com os tons de branco, azul e dourado. Depois, a gente perpassapela a árvore como fonte da vida e, aí, a gente já vai pro lado mais pra savana da Africa. Nesse ponto, o desfile começa a ganhar tons mais terrosos. O quarto quadro é a parte mais dramática, mas não tão escatológica assim. Esse é o trecho do navio negreiro, a travessia dolorosa dos escravizados para cá, que cumina com a sacralidade da Portela, que são os baluartes. Vamos mostrar a Portela com essa ancestralidade do samba. De novo voltamos ao azul, branco e prata".
A agremiação de Oswaldo Cruz será a segunda a desfilar na Marquês de Sapucaí, entre 23h e 23h10. Na disputa passada, a Portela ficou de fora do desfile das Campeãs, após conquistar o sétimo lugar do Grupo Especial com o enredo "Guajupiá, Terra sem males", dirigido por Renato Lage e Márcia Lage.
A Verde e Branco vai retratar a história de Oxóssi, orixá regente da agremiação. Apresentado com grande expectativa pelos torcedores, o enredo "Batuque ao Caçador" é uma homenagem ao Rei do Ketu. O Carnaval de 2022 marca a chegada do carnavalesco Fábio Ricardo à Mocidade.
"O compositor Altay Veloso será destaque principal do abre-alas. Ele é um dos principais compositores da MPB atualmente, um homem negro e estudioso das questões religiosas. Representará o Rei dos Caçadores. Será uma figura de muito respeito", adiantou Fábio.
A Mocidade Independente de Padre Miguel será a terceira escola a entrar na Avenida, entre 00h e 00h20. O samba "Batuque ao Caçador" foi escrito por Carlinhos Brown, Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Nattan Lopes, JJ Santos e Cabeça do Ajax. Na Marquês de Sapucaí, ele será interpretado por Wander Pires.
A agremiação convidará o público a descobrir a lenda de criação do guaraná. Com o enredo "Waraná - A Reexistência Vermelha", a Unidos da Tijuca contará histórias de ciclos da vida com os personagens Anhyá e Cahuê, que marcam o nascimento do fruto para a etnia Sateré-Mawé. Na estreia no comando da Unidos da Tijuca, o carnavalesco Jack Vasconcelos contou com a colaboração de uma equipe de Parintins, no Amazonas.
"No carro dois, nós temos quarenta guaranás que vão abrir e fechar e vão olhar para o público. São os olhos do índigena, são os olhos do Cahuê. São os olhos do guaraná", contou.
A Unidos da Tijuca será a quarta escola de samba a desfilar na Marquês de Sapucaí, entre 1h e 1h30. No último Carnaval disputado na Sapucaí, a Unidos da Tijuca ficou em nono lugar com o enredo "Onde moram os sonhos".
"Boa noite, moça! Boa noite, moço!" É assim que a Grande Rio começa a pedir licença a Exu na abertura de caminhos rumo ao título do Carnaval carioca. Com o enredo "Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu", a agremiação de Duque de Caxias faz provocações sobre o orixá com a ajuda de importantes nomes da intelectualidade brasileira, como Conceição Evaristo e Helena Theodoro. Os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad convidam o público a ouvir os ensinamentos de Exu.
"Algo a ser destacado é a presença, pela segunda vez no nosso desfile, do Ogã mais antigo do Brasil, o Luiz Bángbàlà, 103 anos, que expressa a memória viva do Candomblé brasileiro. Ele participou da homenagem ao Joãozinho da Gomeia, que fizemos em 2020, e agora retornará no carro que mistura o chão do terreiro e o axé do mercado, a energia de Exu circulando pelas feiras, pelos mercados, esses espaços de troca, sem os quais não existe Candomblé. Acredito que será um momento emocionante e importante para dimensionar a presença de Exu nos ritos afrobrasileiros e no nosso dia a dia", comentou Leonardo Bora.
A Grande Rio será a penúltima escola a se apresentar ao público na Sapucaí, entre às 2h e às 2h40. No último Carnaval, a agremiação de Duque de Caxias conquistou o vice-campeonato do grupo Especial carioca, com o enredo "Tata Londirá: O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias", assinado pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad.
Martinho da Vila será o grande homenageado na Avenida pela agremiação que o acolheu e lhe deu o nome. O enredo "Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho" irá fazer uma caminhada pela história do sambista, que se confunde com a da própria Vila Isabel. O carnavalesco Edson Pereira comanda a agremiação do Morro dos Macacos pelo terceiro Carnaval consecutivo.
"As baianas tem uma representação muito importante nesse desfile, porque elas vem representando 'Yá Yá do Cais Dourado', que é uma cançao do Martinho da Vila. Elas representam a favela do Morro dos Macacos, que é esse romance que o Martinho teve com o Morro dos Macacos, com a comunidade de Vila Isabel. Essa favela tem pontos de luz, que vão representar as pessoas que não estão entre nós, mas que são Vila Isabel. Tenho certeza que elas estariam presentes se não fosse a pandemia. Acho que é um momento muito especial para a própria Vila Isabel e para o Carnaval", relatou o carnavalesco.
A Vila Isabel será a última escola a desfilar pelo Grupo Especial já no domingo, entre às 3h e às 3h50. Em 2020, com o enredo "Gigante Pela Própria Natureza - Jaçanã e um Índio Chamado Brasil", comandado por Edson Pereira, a Vila Isabel terminou a disputa em oitavo lugar.
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