Governador afastado Wilson Witzel se defende em pronunciamento - Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Governador afastado Wilson Witzel se defende em pronunciamentoLucas Cardoso/ Agência O DIA
Por O Dia
Rio - O governador afastado do Rio, Wilson Witzel, manifestou indignação com a operação que o afastou e se disse perseguido pelo presidente da República e pela subprocuradora Lindora Araújo, do MPF. "Mais um circo sendo montado. Bolsonaro que já declarou que quer o Rio de Janeiro, já me acusou de perseguir a família dele", declarou, sugerindo ser vítima de perseguição.

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Witzel se defendeu em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Witzel se defendeu em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Witzel se defendeu em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Governador afastado Wilson Witzel se defende em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Witzel e o vice-governador, Cláudio Castro Carlos Magno / Governo do estado
Governador WIlson Witzel discursou durante coletiva Carlos Magno / Divulgação
Wilson Witzel e Edmar Santos, na época em que o oficial da PM ainda integrava o governo Vera Araújo / Agência O Globo
Pezão e Witzel se encontram no Palácio Laranjeiras para primeira reunião de transição governamental. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia Daniel Castelo Branco
Wilson Witzel ficará pelo menos seis meses afastado do cargo Daniel Castelo Branco / Agência O DIA
Estado do Rio de Janeiro - Governo Estadual - Governador Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia Daniel Castelo Branco
Governador Wilson Witzel Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Witzel realizou na manhã desta sexta-feira em sua residência oficial, o Palácio Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, um pronunciamento que durou cerca de 20 minutos sobre a decisão que o afastou do cargo por 180 dias.
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"Não há nenhum ato praticado por mim ao longo dos últimos meses que possa caracterizar que, em algum momento, atrapalhei a investigação", defendeu-se. "Querem atingir a mim, ao presidente da Alerj e ao vice-governador", afirmou Witzel. André Ceciliano (PT) e Cláudio Castro (PSC) foram alvos de mandados de busca e apreensão da Operação Tris in Idem, que atingiu a cúpula do governo do Rio. Foram cumpridos 89 mandados de busca e apreensão, 13 mandados de prisão – onde 3 de alvos que já se encontravam presos. Restaram três mandados em aberto.
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Com tom de voz elevado, o governador afastado desafiou a subprocuradora Lindora Araújo, responsável pela a acusação de Witzel na Procuradoria-Geral da República, e disse que a questão entre eles virou pessoal. Witzel disse que Lindora tem relações com o senador Flavio Bolsonaro, ex-aliado que se tornou seu adversário político. 
"Uma procuradora cuja imprensa já denunciou um relacionamento próximo com a família Bolsonaro. Desafio a apresentar qualquer papel que indique vantagem ilícita por minha parte. Reafirmo que não tenho absolutamente medo da delação desse canalha, Edmar (Santos). O processo penal brasileiro está se transformando em um circo com essas delações mentirosas, que estão sendo produzidas e usadas politicamente", disse.
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O governador afastado ainda chamou o ex-secretário de Saúde do Estado Edmar Santos de "canalha", "vagabundo" e "bandido". De acordo com Witzel, a delação de Edmar Santos é "mentirosa". O afastamento de Witzel e a operação de hoje teriam sido resultados da delação premiada que o ex-secretário Edmar Santos fechou com a PGR.  " Edmar nos enganou a todos. Esse vagabundo entra na saúde do Rio, quando eu avisei que não toleraria corrupção. Tentou ludibriar a todo nós", disse o governador.
Witzel também negou, durante o discurso, que tenha envolvimento com o empresário Mário Peixoto. "Eu não tenho relação com qualquer empresário. Perguntem aos meus secretários se alguma vez eu indiquei qualquer empresa. Querem me massacrar", disse.
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O governador afastado chamou a busca e apreensão promovida pela Polícia Federal em sua residência oficial de "busca e decepção".
"Não encontrou um real, uma joia. Foi mais um circo. Lamentavelmente, a decisão do excelentíssimo senhor ministro Benedito, induzido pela procuradoria da República, na pessoa da doutora Lindora, que está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar os Estados da Federação, com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes", atacou.

Witzel disse que tomará medidas cabíveis contra o afastamento no Superior Tribunal de Justiça junto aos seus advogados. Witzel afirmou que continuará morando no Palácio Laranjeiras durante o período de afastamento. "Não fui despejado", garantiu.
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Em seu pronunciamento, o governador afastado usou o processos sofridos pelo o ex-presidente da República Michel Temer e o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel, que terminou com a absolvição de ambos, para criticar o processo penal no país. 
"O governador Pimentel esperou cinco anos para dizer que não tinha provas contra ele. O processo do Temer também foi absolvido. O processo penal brasileiro está se transformando em um circo, e essas delações mentirosas estão sendo produzidas e usadas politicamente (...). Com eles demorou esse tempo, mas agora eu pergunto: quanto tempo nós vamos esperar para o povo do Rio de Janeiro saber que o governador que eles elegeram veio para combater a corrupção?", questionou Witzel. 
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Afastamento
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O afastamento foi determinado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves, que negou o pedido de prisão do governador. O STJ também proibiu o governador de ter contatos e acesso a determinados locais. Witzel foi indiciado pelos crimes de formação de organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Conforme consta da acusação encaminhada ao STJ, a contratação do escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel consistiu em artifício para permitir a transferência indireta de valores de Mário Peixoto e Gothardo Lopes Netto para Wilson Witzel. Foram denunciados, neste primeiro momento, o governador Wilson Witzel, sua esposa, a primeira-dama Helena Witzel, Lucas Tristão, Mário Peixoto, Alessandro Duarte, Cassiano Luiz, Juan Elias Neves de Paula, João Marcos Borges Mattos e Gothardo Lopes Netto.
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No total, a operação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Receita Federal cumpriu, nesta sexta-feira, 89 mandados de busca e apreensão, 13 mandados de prisão – onde 3 de alvos que já se encontravam presos. Restaram três mandados em aberto. Além dessas medidas, em outro inquérito, o também ministro do STJ Jorge Mussi autorizou o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão no estado do Piauí, objetivando coletar provas sobre suposto esquema de nomeação de funcionários fantasmas no governo fluminense para desvio de dinheiro público.