Manifestação de moradores da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio, pedindo o fim das operações no local. Moradores acusam policiais militares de cometerem excesso durante as açõesReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - A Zona Norte do Rio foi a região do Grande Rio mais afetada pela violência armada no mês de dezembro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado divulgados nesta quarta-feira. A região concentrou 33% dos tiroteios mapeados no mês, 88 registros ao todo. A Baixada Fluminense aparece em segundo lugar, com 76 tiroteios no último mês e também apresentou o maior número de mortos em decorrência da violência, com 29 vítimas fatais. A Zona Norte teve 13 mortos.
Entre as vítimas na Baixada está um ex-segurança do vereador Claudio Thomaz, assassinado a tiros no dia 10 de dezembro, no bairro Itatiaia, na localidade conhecida como Ponto de Briga. A vítima, identificada como Gláucio Ferreira, estava em um carro BMW blindado, quando foi atingido pelos disparos. Ele morreu na hora. Um outro homem foi encontrado morto a tiros, no dia 15 de dezembro, dentro de um caminhão, embaixo do viaduto da Posse, em Nova Iguaçu.
Já na Zona Norte, o Morro da Serrinha, em Madureira, foi palco de intensos tiroteios nas primeiras semanas de dezembro. A comunidade foi alvo de confrontos entre traficantes locais e criminosos de facções rivais, além de ter sido palco de operações da Polícia Militar. Em Inhaúma, também Zona Norte, seis pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança, durante um ataque a tiros a um bar na madrugada do dia 19 de dezembro. Segundo a Polícia Militar, populares contaram que criminosos em uma moto passaram atirando em direção ao estabelecimento.
No dia 21 de dezembro, o pintor Fabrício Alves de Souza, de 26 anos, estava a caminho do trabalho quando foi baleado e morto no Complexo da Pedreira, em Barros Filho. Testemunhas contam que ele avisou aos policiais que era trabalhador antes de ser morto. Fabrício não tinha antecedentes criminais e a Polícia Civil ainda não concluiu as investigações do caso.
Confira o ranking das regiões da capital fluminense em dezembro:
Zona Norte: 88 tiroteios, 13 mortos e 21 feridos
Baixada Fluminense: 76 tiroteios, 29 mortos e 16 feridos
Leste Metropolitano: 58 tiroteios, 22 mortos e 31 feridos
Zona Oeste: 35 tiroteios, 11 mortos e 8 feridos
Centro: 8 tiroteios, 2 mortos e 1 ferido
Zona Sul: 2 tiroteio
Região Metropolitana também teve número elevado de tiroteios
Durante o mês de dezembro, houve 267 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Apesar de ainda elevado, número foi 13% menor que o registrado no último mês de 2020, quando houve 306 casos.

Entre os 267 tiroteios, 93 deles (35%) ocorreram com a presença de agentes de segurança, o que representa um aumento de 26% em comparação com dezembro de 2020, que acumulou 74 tiroteios onde havia agentes de segurança na cena.

Apesar da queda nos tiroteios, houve aumento de 59% no número de baleados na Região Metropolitana do Rio em dezembro: foram 154 vítimas (sendo 77 mortos e 77 feridos). No mesmo período de 2020, 97 pessoas foram baleadas (sendo 43 mortos e 54 feridos).
Comparado ao mês de novembro, que concentrou 262 tiroteios, com 147 baleados no total (sendo 79 mortos e 68 feridos), dezembro apresentou aumento de 2% nos tiroteios e queda de 3% nos mortos por arma de fogo. Em compensação, houve aumento de 13% no número de feridos.

No mês de dezembro, as datas mais afetadas pela violência armada foram: dia 3, com 21 tiroteios/disparos de arma de fogo; Dia 12, com sete mortos; e dia 19, com nove feridos.
Cinco crianças baleadas em dezembro
Ao longo de dezembro, cinco crianças foram baleadas, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Todas, felizmente, sobreviveram. Quatro das vítimas foram atingidas em um período inferior a 10 dias, entre 19 e 26 de dezembro.

Entre as vítimas está Manuela Griffo, de 9 anos. A menina estava com a família estreando os patins novos que ganhou de Natal quando foi atingida no ombro esquerdo na Praça Narciso Luzes, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, no dia 26. Não havia operação da polícia e/ou perseguição no momento em que ela foi baleada.