Viatura clonada da PM  - Reprodução vídeo
Viatura clonada da PM Reprodução vídeo
Por Gabriela Mattos e *Alice Cravo

Rio - A ousadia dos criminosos tem surpreendido e chocado os moradores do Rio. Os bandidos não medem esforços e utilizam artifícios "inovadores" para cometer os crimes no estado, seja se camuflando em roupas de garis e policiais ou utilizando meios de transporte inusitados. O caso mais recente ocorreu, na tarde desta segunda-feira, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Na ocasião, três homens em duas charretes balearam um policial militar em uma tentativa de assalto. 

Lojas têm sido um dos principais alvos para os bandidos. Segundo os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), houve um aumento de 56% dos roubos a estabelecimentos comerciais de janeiro a março deste ano em relação ao mesmo período de 2017. Na última quinta-feira, um bandido se vestiu com uniforme da Comlurb para assaltar uma filial das Lojas Americanas, na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca. Ele e outros dois comparsas invadiram o estabelecimento e levaram aparelhos eletrônicos. No mesmo dia, dois homens foram presos suspeitos de roubar uma filial, na Estrada do Tindiba, na Taquara, Zona Oeste.

Filial das Lojas Americanas, na Rua Conde de Bonfim, foi assaltada - Google Maps

Quatro dias antes, criminosos clonaram fardas e uma viatura da Polícia Militar para tentar roubar um depósito da mesma loja de departamentos, em Seropédica, na Baixada Fluminense. Armada com fuzil, a dupla rendeu o vigilante do local. No entanto, ficou evidente que o veículo era falso por conter um erro de português na porta: "Via expressas". Um dos envolvidos no crime foi identificado, na semana passada, como Natã Isaque Souza dos Santos.

Suposto policial com colete e boné fora dos padrões da PM - Reprodução vídeo

Assim como as lojas de rua, os shoppings também vivem dias de insegurança. No último sábado, homens armados roubaram uma loja de celulares, no shopping Nova América, em Del Castilho. Um policial do 22º BPM (Maré), que estaria trabalhando como segurança do estabelecimento, teve a arma e o celular roubados. Momentos depois, PMs recuperaram 23 aparelhos e a pistola do policial dentro de um carro perto da favela da Mangueira.

O ISP apontou ainda que houve um crescimento de 47% em assaltos a residências no estado de janeiro a março de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu no dia 26 de fevereiro, no Leblon. Integrantes de uma quadrilha se vestiram de policiais federais e roubaram um apartamento, na Rua Cupertino Durão. Ao todo, o grupo reunia cinco bandidos. No entanto, apenas três foram identificados. No dia anterior, eles tentaram assaltar uma apartamento em Copacabana, mas desistiram já que o morador não estava em casa. 

Outros crimes recorrentes no Rio são roubos de carga e de celular. De acordo com o ISP, houve um aumento 76% dos casos entre janeiro a março em relação a 2017, foram 3.625 ocorrências contra 6.398. Já o roubo de carga teve um crescimento de 36%, com 1.926 casos nos três primeiros meses do ano passado e 2.636 no mesmo período de 2018.

Na semana passada, uma carga de mais de mil celulares Samsung Galaxy S9, recém-lançado no Brasil, foi roubada dentro do terminal de cargas do Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador. O material foi avaliado em US$ 1 milhão (o equivalente a R$ 3,4 milhões). Os assaltantes chegaram em um caminhão vestindo roupas parecidas com as dos empregados do terminal, de boné e estavam armados com pistolas.

Imagem de câmera de segurança mostra um dos bandidos circulando pelo terminal de cargas - Reprodução de vídeo

Eles renderam funcionários no armazém da companhia Gol, fizeram ameaças e trancaram todos em uma sala. A ação foi filmada pelo circuito interno. No entanto, as polícias Civil e Militar se mantiveram inertes mesmo sabendo que o material foi levado para a comunidade, localizada ao lado do 22º BPM (Maré).

Além dos métodos inusitados, os bandidos veem oportunidade de assaltar em qualquer lugar, como em igrejas. Um bando invadiu a Paróquia Cristo Operário e Santo Cura D'ars, na Vila Kennedy, e abordou o próprio padre e 15 fiéis que assistiam a uma missa. Na época, o sacerdote Cláudio de Aguiar da Silva lamentou a violência no local. "A cada dia o descontrole é maior, mesmo com a presença do Exército", desabafou.

* Com a supervisão da repórter

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