Flordelis e mais quatro réus são julgados pela morte do pastor Anderson do CarmoBrunno Dantas/TJRJ
A segunda interrogada foi Flordelis, que afirmou não ter mandado matar o pastor. A ré chorou durante as perguntas e reafirmou que sofreu agressões e abusos sexuais cometidos por Anderson. Segundo a pastora, ela aceitava as agressões porque a mãe dela a ensinou assim e que deveria resolver as coisas depois. Perguntada por uma jurada, ela afirmou que seu choro era verdadeiro e que nunca pensou em se separar de Anderson. Flordelis encerrou sua fala em direção aos jurados alegando inocência.
Após a parlamentar, sua neta Rayane, filha biológica de Simone, foi ouvida pelos jurados. Durante o interrogatório, ela afirmou que sofreu abusos sexuais cometidos por Anderson. Em seu depoimento, Rayane informou que não relatou os casos porque tinha medo de perder o emprego que o pastor conseguiu para ela em Brasília. A mulher citou que o avô tinha o hábito de passar mão nas partes íntimas das mulheres da família.
A neta de Flordelis revelou que o pastor obrigava todos os filhos a trabalhar na igreja. Isso teria gerado um descontentamento entre os familiares. Anderson, segundo Rayane, tinha um perfil controlador quando o assunto era a ex-deputada. A mulher também relatou que viu a avó com hematomas, mas não desconfiava o que podia ser.
Após a pausa de uma hora para o almoço, os interrogatórios foram reiniciados com Marzy, que confessou que combinou com Lucas Cezar dos Santos, filho adotivo da pastora e acusado de ajudar na compra da arma do crime, de matar o pastor Anderson do Carmo. Os constantes abusos sexuais e agressões sofridas foram as justificativas dadas por ela.
Segundo a ré, o plano surgiu depois dela ter conversado com Lucas sobre o pastor abusar de uma outra filha do casal. No momento, ainda de acordo com ela, o irmão disse que iria resolver o problema, tendo seu consentimento. Ela confessou para o tribunal que idealizou o plano, para que tudo fosse orquestrado como um latrocínio, mas não permitiu que o irmão seguisse com a ideia. Mesmo confessando, a mulher alegou que as acusações contra ela são falsas porque ela não deixou que o planejamento seguisse.
Por último, Simone foi interrogada e mudou sua versão sobre os fatos ocorridos. A filha biológica de Flordelis contou ao júri que a morte de Anderson aconteceu depois que ela desabafou com o irmão Flávio dos Santos Rodrigues, já condenado pelo crime, sobre os abusos sexuais cometidos pelo pastor contra ela e suas filhas. Anteriormente, a ré havia contado que pagou pela contratação de um pistoleiro para executar a vítima.
A ré afirmou ainda que o crime foi motivado pelo desespero. "Não foi uma coisa planejada. Se fosse planejado, não seria assim. Uma coisa que foi dentro de casa, prejudicou a família inteira". Ainda de acordo com ela, os celulares foram descartados por medo de que as mensagens e ligações sobre o planejamento para o crime fossem descobertas.
Depois do fim dos interrogatórios, foi iniciada a fase de debates. Os promotores de Justiça do Ministério Público do Rio (MPRJ) utilizaram seu tempo para afirmar que houve tentativa de transformar Anderson em um dos réus no julgamento. A fala se referiu as acusações de abuso sexual contra a vítima feitas pela ex-deputada; filhas biológica e afetiva, Simone e Marzy; a neta Rayane; além de testemunhas de defesa que prestaram depoimento.
Durante o debate, que teve início às 18h40, a defesa de Flordelis pediu a dissolução do Conselho de Sentença, alegando que não tiveram acesso aos depoimentos de Raquel dos Passos Silva e Rebeca Vitória Rangel Silva, netas da ex-deputada, ao Conselho Tutelar, documento que foi exibido pelo Ministério Público nas alegações de que a ré pode ter usado uma ex-funcionária de gabinete para manipular as oitivas durante a investigação do crime.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.