Rio - A rivalidade nunca esteve tão acirrada e, em 2015, não faltam ingredientes para apimentar o clássico. Depois de disputas políticas, algumas provocações e muita polêmica, Vasco e Fluminense escrevem neste domingo, dentro de campo, às 18h, no Engenhão, o último capítulo do duelo na atual temporada. Haja fôlego para tanta emoção. O Vasco, que precisa desesperadamente da vitória, aposta na experiência de um elenco veterano. Já a força do Fluminense vem da juventude de suas pratas da casa, criadas em Xerém.
Ao perceber que o time estava mal, a diretoria do Vasco buscou reforço em jogadores consagrados - é o time com maior média de idade do Campeonato Brasileiro, com 30,3 anos. Vovô? Empenhados em tirar a equipe da zona de rebaixamento, atletas como Nenê, Andrezinho e Rodrigo, este último com 53 jogos em 2015, não têm descanso e acendem o sinal de alerta do departamento médico. O técnico Jorginho, ciente de que o cansaço pode atrapalhar, mudou a rotina dos treinamentos.
“Os mais experientes têm de receber tratamento diferenciado. Diminuímos muito a carga tática, técnica e física. Agora fazemos mais a manutenção”, admitiu o treinador, que ressaltou o lado positivo de contar com tantos veteranos - no time titular apenas Madson, Luan e Bruno Gallo têm menos de 30 anos.
“A experiência vale muito, pois muitos já passaram por momentos difíceis”, disse.
Com o fim da parceria com a Unimed, o Fluminense descartou os medalhões e voltou a olhar com carinho para as suas divisões de base. Nomes como Marlon, Gerson, Léo Pelé, Marcos Junior e Gustavo Scarpa se tornaram peças-chave no esquema de Eduardo Baptista. Comparada a do Vasco, a média de idade da base do time titular é bem menor: 26 anos. Se por um lado sobra fôlego e juventude, por outro, o Tricolor também tem sofrido com a instabilidade de sua equipe.
Eliminado pelo Palmeiras na Copa do Brasil, a missão neste domingo é acabar com um jejum de dez jogos sem vitórias sobre os vascaínos. Gustavo Scarpa, uma das promessas do clube, acredita na recuperação.
“É preciso levantar a cabeça. O Fluminense vem de uma sequência negativa contra o Vasco, mas mostrou, contra o Palmeiras, que pode fazer uma boa partida e acabar com essa situação que incomoda”, disse.
Mistério antes do clássico
Para Vasco e Fluminense, o clássico deste domingo já começou. Tanto que os técnicos Jorginho e Eduardo Baptista usaram as dúvidas que têm para servir de escudo e não revelar as escalações. No lado cruzmaltino, o lateral-esquerdo Julio Cesar e o volante Bruno Gallo ficaram fora de alguns treinamentos. Ao que tudo indica, Jorginho terá sua força máxima.
“As saídas nos possibilitaram trabalhar com algumas opções do elenco. Mas foi apenas uma precaução”, explicou.
Entre os tricolores, Fred, mesmo ainda sentindo dores no joelho e tornozelo esquerdos, treinou, mas não está confirmado. O capitão trabalhou por apenas 20 minutos no treinamento tático organizado por Eduardo Baptista, neste sábado, nas Laranjeiras.
90% de provocação, 100% rivais
Do primeiro confronto no turno até o jogo deste domingo, muita coisa mudou dos dois lados, mas a rivalidade permaneceu intacta. No dia 19 de julho, o Flu, antes de entrar em campo, fez festa para apresentar Ronaldinho Gaúcho, que também estava sendo disputado pelo Vasco - Eurico chegou a falar que R-10 estava 90% em São Januário. Na arquibancada, os tricolores levaram a melhor fazendo valer seu contrato com o Maracanã e sentando do lado direito das cabines, para a infelicidade de Eurico.
Se o Flu vencesse, assumiria a liderança, mas foi o Vasco que venceu por 2 a 1. “O respeito voltou”, disse o presidente vascaíno após o jogo, para se vingar em mais uma batalha da guerra envolvendo os lados do Maracanã.
Passado um turno, Ronaldinho já deixou o Flu, que caiu de rendimento, e o Vasco segue em seu calvário para tentar fugir da zona de rebaixamento à Série B.