Rio - Com tantos erros ao longo da temporada, Fluminense e Vasco, ambos com 42 pontos na tabela, chegam à última rodada do Brasileiro pagando o preço do caos político, financeiro e administrativo. Hoje, tricolores, diante do América-MG, em casa, e vascaínos, contra o Ceará, no Castelão, não podem mais se dar ao luxo de falhar a partir das 17h. Caso contrário, um deles pode pagar preço alto: o rebaixamento e uma perda financeira sem precedentes.
Com as novas mudanças de distribuição de cota da TV do Brasileiro, a queda será um duro golpe. Quando um grande era rebaixado, tinha direito a manter o valor que recebia na Série A em seu primeiro ano na Segundona. A partir de 2019, esse clube terá direito a apenas R$ 6 milhões, mesmo valor de todos os outros participantes.
Ou seja, a permanência vale a sobrevivência de Fluminense e Vasco, afundados em grave crise financeira, fato pontual para que os dois chegassem a esse momento dramático. Mas a falta de dinheiro para contratar e os constantes atrasos salariais que conturbaram o ambiente não foram o único problema.
A crise política também cobrou preço alto. No Vasco, ainda sob influencia de Eurico Miranda, a eleição de 2017 parece nunca ter fim e segue na Justiça, com possibilidade de novo pleito. O que atrapalhou planejamento, busca por patrocinadores, ajuda financeira e gerou pressão da arquibancada. Nas Laranjeiras, grupos de apoio viraram oposição e hoje o presidente, Pedro Abad, passa por um processo de impeachment.
Como esperado em clubes que parecem sem rumo, os resultados não vieram. No Fluminense, eliminações precoces no Carioca e na Copa do Brasil, e campanha digna na Sul-Americana. Já o Vasco, teve como melhor resultado o vice no Carioca, passando por uma decepcionante Libertadores.
Com a falta de resultados, os dois tiveram de conviver com protestos, alguns mais violentos, com invasões de sedes e treinos, deixando os jogadores ainda mais sob pressão. Principalmente os tricolores, que passaram por isso na sexta-feira.
É com todo esse enredo que os clubes entrarão em campo dependendo apenas de si para seguirem na elite. Por incrível que pareça, o Fluminense, mesmo na melhor situação dos que brigam contra a degola, é quem chega mais fragilizado, numa semana conturbada com direito a demissão do técnico Marcelo Oliveira e o seu maior jejum de gols da história: sem marcar e vencer há oito jogos. Já o Vasco, que frequentou a zona de rebaixamento e ganhou respiro com a chegada de Maxi López, viveu semana mais calma, isolando-se de todos na reta final de preparação.
"O risco é mínimo, pois só dependemos de nós e podemos até empatar. A parte mental será fundamental", afirmou Júlio César, goleiro do Flu.