Rio - O desemprego vem afetando milhões de brasileiros por conta da crise econômica. O cenário é ruim até para técnicos de futebol. Segundo Abel Braga, comandante do Fluminense, é momento de os grandes treinadores se reunirem para protestar contra a atual situação.
Em coletiva de imprensa após treinamento do Tricolor das Laranjeiras, Abel desabafou sobre as constantes demissões e reclamou, principalmente, da falta de pagamento de direitos trabalhistas por parte dos clubes, e afirmou que, se for chamado, fará greve.
"Pessoal é demitido com quatro jogos. Você é demitido e ninguém te paga os direitos. No dia que me convocarem, eu vou fazer greve e suspenso a rodada. É minha classe. Estou com a minha vida estabelecida graças a essa profissão e quero ver tantos outros assim. Está na hora da gente ir para o pau. Estou disposto. Quero ver como ficam os patrocinadores, a imprensa, a torcida, Brasília sem uma rodada."
Ressaltando que a situação é ainda pior nas divisões mais baixas, Abelão afirmou que os grandes nomes, como ele próprio, Tite e Paulo Autuori, entre outros, têm que se unir para dar um basta na situação.
"Uma única coisa pode ser feita: pressionar o governo e alertar a sociedade que treinador de futebol é uma profissão. Você é demitido e não recebe direitos trabalhistas. O clube pede a CBF para contratar outro técnico e tudo bem. Isso sem contar na Série C, D, que a gente nem sabe. Quando eu, Mano (Menezes), Autuori, Tite, Carille, Mancini (Vagner), Dorival Júnior, os caras grandes se reunirem e resolverem fazer uma greve, quem sabe. Tínhamos que parar o campeonato, temos que brigar pela classe, mas enquantos os cascudos não dizerem um basta isso (demissões) vai continuar a acontecer."
Revoltado com a situação dos treinadores brasileiros, Abel Braga terá que focar no Botafogo. Nesta quarta-feira, às 21h, o Fluminense faz o clássico Vovô contra o Alvinegro pela 13ª rodada do Brasileirão.