Em plena Zona Oeste, entre Santa Cruz e Guaratiba, um bairro que já viveu muito da pesca e foi marcado por suas belezas naturais, hoje em meio ao assoreamento da bacia e poluição, tenta resgatar sua história graças a um trabalho de moradores voluntários. Indignados com o descaso na região, a socióloga Bianca Wild e mais oito pessoas criaram o projeto Ecomuseu Sepetiba, que oferece um passeio mensal de reconhecimento do bairro e realiza atividades de limpeza das praias e oficinas de reciclagem.
Em cada encontro, a média é de 70 visitantes, todos moradores de Sepetiba. O passeio começa no ponto principal do bairro, o coreto da praça, e percorre as praias e mangues. A vista, que é muito conhecida por quem mora lá, mas pouco explorada no seu contexto histórico, ganha forma quando os guias explicam os bastidores de cada ponto.
"Na praia tinha uma pedra de mais de três metros que hoje está assoreada. Uma ponte, de 1884, em que barcos passavam por baixo, hoje, não é mais possível porque não há profundidade", explicou Bianca Wild, que compõe o time de guias turísticos ao lado de Silvan Guedes, Aline Barcellos, Simone Marques, André Gaio, Luciele Rocha, Patrick Luiz, Scarlet Sena e Rebeca Lamberti. Em comum, todos têm paixão por Sepetiba: "Queríamos mudar a perspectiva das pessoas que achavam que o bairro era feio. Essa região tem muita história e devemos ter orgulho disso", concluiu Bianca.
Sepetiba carrega em seu nome o 'sítio dos sapês', tradução em tupi. Mas a região, que já foi coberta de florestas, atualmente tem pouco mais de 5% de áreas naturais, sendo que 2% é de vegetação característica de mangue. Nos 5,8 quilômetros de litoral, todas as três praias estão prejudicadas pela poluição da Baía de Sepetiba porque ficam no chamado 'fundo de baía', para onde vão os sedimentos da água, além do assoreamento. O resultado é uma areia suja e uma água preta, derivada do acúmulo de resíduos poluidores prejudicando a pesca do lugar em que foi reconhecido, desde o Império, por essa atividade.